quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Criatividade

Autor: Carlos Alberto Hang

Existem aqueles que ainda acreditam ser a criatividade um dom inato e sendo poucos os detentores do mesmo, mas afirmo a estes que estão equivocados, pois criatividade é deveras natural a todo e qualquer ser humano e a dimensão criativa do indivíduo é proporcional ao exercício constante. Ainda sinalizo a vós outros que o potencial criativo é construído pela interferência do meio social, começando esta constituição desde a mais tenra infância, tendo os pais como primeiros promovedores do despertar criativo de suas proles. Muitos adultos têm ínfima paciência diante da fase do desenvolvimento infantil quando as crianças questionam o mundo, enchendo de "por quês" para todos os lados. Para se livrarem destes questionamentos, os adultos, se não silenciam a natural e sadia curiosidade infantil, fornecem respostas empobrecidas aos infantos, tirando deles este valioso exercício promovedor da criatividade, que é o questionamento.

Mas o que é criatividade, enfim? Podemos dizer que faz par com a indagação, iniciando com o questionamento do por que algo é daquela maneira e, em seguida, uma infindável busca de meios de fazê-lo diferente. O combustível ou a energia motriz da criatividade é a imaginação, sendo esta tão ampla quanto tenha sido esta ferramenta aprimorada com o passar dos anos. Presentear crianças com brinquedos que incitam a imaginação em suas diversas ordens, é um bom começo para iniciarmos o processo de um indivíduo com potencial de criatividade interessante. Professores devem também promover em seus alunos a imaginação e esta se dará não apresentando assuntos ?mastigados?, mas fazendo com que os alunos busquem em si mesmos as conclusões através do exercício avaliativo e dedutivo.

Podemos dizer que uma pessoa criativa também é um indivíduo corajoso, pois toda criatividade denota uma questão proporcional de risco, e apenas aqueles que ousam arriscar o pensar e o fazer diferentemente do habitual é que promovem ações criadoras. Logo, um líder tem que ser alguém corajoso para poder ser criativo.

Podemos identificar uma pessoa criativa quando está inserida neste contexto comportamental: possui senso de curiosidade aguçado; persiste diante dos obstáculos que se apresentam quando move ações criativas; é determinada diante de buscas alternativas que venham a solucionar problemas que se apresentam; consegue rever e questionar suas próprias ideias que lhe parecem sensatas; mesmo sendo independente aceita o apoio dos demais; busca constantemente reinventar a própria vida, sendo este o sentido maior de ser da criatividade.

O criativo une o mundo das ideias ao que se apresenta como pronto, fazendo deste um passo a mais. A imaginação promove ideias abstratas, e estas, associadas ao mundo concreto, a ações criativas. Os criativos são detentores de altos níveis de consciência e de imensa percepção do mundo que os envolvem, além de grande sensibilidade, pois, ao que escapa às mentes e olhares da maioria, eles percebem com naturalidade e, automaticamente, buscam compreender e meios de aprimoramento daquilo que percebem.

Um líder deve ser, necessariamente, um ser criativo, isto é, ter pensamentos investigativos, ter capacidade de desequilibrar os seus conceitos prontos e reeditá-los com aprimoramento, ter ampla capacidade de resolver conflitos, ser capaz de unir dois elementos nunca antes combinados e, através destes, promover um novo elemento útil, ter busca constante de soluções alternativas e manter sempre a mente aberta ao novo e a revisão de si mesmo.

Os três inimigos

Autor: Donald Malschitzky
Publicado no Jornal Notícias do Dia e Recanto das Letras

Quantas vezes nos deparamos com situações que nos constrangem porque constatamos que poderiam ser diferentes e muito melhores. Ou não precisariam existir. Às vezes a solução está ali, escancarada, mas não é usada. Por que acontece? Porque um ou os três grandes inimigos do progresso, da felicidade e do respeito mostraram sua força.
Esses três mosqueteiros do atraso são bem conhecidos e causam um estrago enorme: o primeiro deles é a ignorância. A ignorância do não saber. Muitas vezes, ela é fruto da teimosia (a pessoa não sabe porque acha que já conhece o suficiente) e seu portador não admite que precisa aprender mais. Nas outras, é resultado da falta de oportunidades, outras vezes está disfarçado de saber obtuso, de violência, de desrespeito. Quem não sabe falar, não fala; quem não sabe fazer, não faz; quem não tem conhecimento é escravo de sua própria ignorância.
O segundo inimigo é mais perigoso: o preconceito. Determinar o formato, o conteúdo e as consequências sem conhecer, julgar antecipadamente e agir a partir desse julgamento. Negar-se a conhecer, analisar, debater, porque “já sabe como é”. Não admitir novidades, modernização, ousadia, criatividade. Afinal, tudo já “está escrito”. Colocar um rótulo nas pessoas, nas situações, nas possibilidades, nos acontecimentos e não se afastar dele, Não acreditar e pronto. Quantas boas oportunidades são perdidas assim; quanta felicidade passa como o hálito porque o preconceito não deixa que se agarrem as oportunidades.
O terceiro é sutil, enganador e covarde. Algumas pessoas o têm tão forte que nos fazem acreditar que ele é coerência. Chama-se medo, o terceiro inimigo. Infiltra-se em nossa mente e nosso coração e se apresenta, até, como fruto da experiência (“Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça”). É retrógrado, defende o “status quo” com unhas e dentes, não porque está contente, mas porque arriscar é perigoso, inovar é perigoso, crescer é perigoso.
Não saber, não acreditar, não arriscar; uma senhora receita de fracasso.