quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O farol de Métis

Autor: José Ricardo Corrêa Maia
Na mitologia romana Métis é o nome da deusa da prudência.Prudência é uma virtude, e vem do latim prudentia significando "previsão, sagacidade". É a capacidade de julgar entre ações maliciosas e virtuosas com referência a ações apropriadas num determinado tempo e lugar. Para Tomás de Aquino esta virtude é capaz de fazer com que o ser humano encontre, em cada decisão que toma o “caminho certo”. A palavra tornou-se sinônimo de cautela, que é não tomar riscos desnecessários.
Segundo Leonardo Boff, “A prudência é a capacidade de escolher o caminho que melhor soluciona os problemas. O excesso da prudência é o imobilismo. A pessoa é tão prudente que acaba morrendo de ajuizada. Engessa procedimentos ou chega tarde demais na compreensão e solução das questões”.
Em “A arte de tomar decisões certas”, Roberto C. G. Castro relata que “pensando agir com base na razão, o homem moderno acostumou-se a tomar decisões fundamentadas, muitas vezes, em suas próprias paixões. Nada mais prejudicial à conduta humana do que esse equívoco”.
Jean Lauand em “A prudência – A virtude da decisão certa, de Tomás de Aquino” expressa que “de nada adianta saber o que é bom se não há a decisão de realizar esse bem”. A prudência diz respeito à arte de decidir corretamente com base na realidade.Ver a realidade é apenas uma parte da prudência, a outra parte é transformar a realidade vista em ação. O critério para o discernimento do bem é a realidade.
A prudência comporta três atos: o primeiro é aconselhar, que diz respeito à descoberta; o segundo ato é julgar, avaliar o que se descobriu. O terceiro ato, que é comandar: aplicar ao agir o que foi aconselhado e julgado.
Assim como o farol orienta o caminho certo a seguir para as embarcações é a prudência para o ser humano.
Patricia é a representação da prudência. Ela assume somente riscos calculados. Não é negligente. Ela é como um farol indicando o caminho certo para nossa embarcação da vida. É um leme dando um rumo seguro, como no provérbio "A prudência é a mãe da segurança." Ela é o meu Farol de Métis.
Há o ditado que diz que "A prudência, consolida os sucessos e a presunção os destrói."Patrícia consegue consolidar sucessos por causa de sua sabedoria, temperança e principalmente prudência.

O sol de Sofia

Autor: José Ricardo Corrêa Maia
O sol de Sofia
A palavra entusiasmo vem do grego “enthousiasmós” e significa ter Deus dentro de si. É o estado de espírito de grande euforia e alegria, força, veemência.Ter entusiasmo é acreditar na capacidade de fazer as coisas acontecerem.
Um entusiasta é predisposto a enfrentar desafios e não se deixa abater.Segundo Edward Bulwer-Lyton, “Nada é tão contagiante quanto o entusiasmo” e de acordo com Arthur Bal Four “É o entusiasmo que move o mundo”.
Infelizmente com o passar dos anos este entusiasmo vai se arrefecendo. Mas a convivência com entusiastas que são autênticos “promotores da vida” estimula e faz acordar o gigante adormecido dentro de nós.
Sofia uma pequena menina de 8 anos é a representação deste entusiasmo.Espero que o sol do entusiasmo continue brilhando e irradiando este ânimo a todos que a cercam, como na primeira vez que andou de bicicleta sozinha sem nenhum apoio. Que as chuvas sejam somente de euforia e irriguem a todos de alegria.
Que este vírus empolgante contagie os que a amam, como na primeira cavalgada, na qual demonstrou alegria e coragem.Que o encanto da descoberta dure eternamente como no primeiro passeio de trem e que continue soprando o vento do desejo de explorar o desconhecido para que sua jornada da vida seja uma aventura cheia de felicidade.
Para quem está com pouco entusiasmo fica a mensagem de parar, refletir e buscar o sol de Sofia que existe dentro de cada um.
Sofia´s sun
The word enthusiasm comes from the Greek "enthousiasmós" and means to have God within. It is the mood of great excitement and joy, strength, vehemence.Have enthusiasm is to believe in the ability to make things happen.
An enthusiast is prone to face challenges and not to concede defeat.According to Edward Bulwer-Lytton, "Nothing is so contagious as enthusiasm" and according to Arthur Bal Four "is the enthusiasm that moves the world."Unfortunately over the years this enthusiasm will be moderating. But living with enthusiasts who are authentic "promoters of life" encourages and makes you wake up the sleeping giant within us.
Sofia a little girl of 8 years is the representation of this enthusiasm.I hope that the sun of the enthusiasm keep shining and radiating this animus to everyone around her, like the first time she walked by bicycle alone without any support. The rains are only of euphoria and it irrigates all of joy.
This exciting virus infects those who love her, as in the first horse ride, in which she demonstrated courage and joy.The enchantment of discovering lasts forever as the first train ride and the wind from the desire to explore the unknown still blowing for his life's journey is an adventure full of happiness.
For those with little enthusiasm gets the message to stop, reflect and search the sun of Sofia that exists within each one.

sábado, 31 de outubro de 2009

Juventude

Autor: Marcelo Harger

Publicado no Jornal A Notícia

A idade está na cabeça das pessoas. O importante é ser jovem de espírito. Alguém que diz essas coisas é porque já não é tão novo assim. Para não ficar feio, vamos dizer que é jovem “há mais tempo que os demais”. Assim fica melhor.


O fato é que a juventude tem todos os seus encantos. Ninguém pode negar. A emoção de conhecer tudo pela primeira vez é indescritível. Desde os primeiros passos, passando pela primeira vez que andamos na escada rolante ou no elevador. E a primeira vez que vemos o mar? É só encanto. Nunca havíamos visto coisa tão bela.


O primeiro beijo e a primeira namorada. Nada mais emocionante que o prazer dessa descoberta. As grandes paixões e sofrimentos por amor. Juramos que jamais vamos amar novamente da mesma maneira e na semana seguinte o coração já pulsa com toda força. Juventude é assim, coisa bela.Dizer que a velhice é a melhor idade pode ser politicamente correto, mas não é verdade.


Bom mesmo é a vida despreocupada de nossa mocidade, quando temos todas as certezas do mundo. Certa vez, perguntaram ao homem mais sábio do mundo com que idade um homem terá todas as respostas para os problemas que afligem a humanidade. Ele prontamente respondeu que é na juventude. Os jovens tudo sabem.Antes que me acusem de saudosista, vou logo concordando. Tenho saudades mesmo, mas não de voltar ao passado. É daquela que temos pelas experiências que são únicas. Jamais poderei repetir a emoção de ler Monteiro Lobato ou Vinícius de Moraes pela primeira vez. E isso traz saudades.Essas experiências tiveram o seu momento, e o passar do tempo vai reduzindo as surpresas diárias que temos.


Com a idade, passamos a nos surpreender pouco; isso porque mantemos hábitos antigos, frutos das primeiras emoções que experimentamos.Para mim, não é mais possível aprender a caminhar ou beijar pela primeira vez. Tampouco será possível ter novamente a emoção do primeiro contato com o mar ou com um livro do Vininha. Desculpem, quis dizer Vinícius. Gosto tanto do que ele escreveu que já virou íntimo.


É possível, no entanto, ter outras “primeiras vezes”. Podemos aprender a correr ou a tocar um instrumento musical. Que tal fazer teatro? A emoção da primeira vez em um palco deve ser indescritível. E descer ao fundo do mar? E subir ao cume de uma montanha? E conhecer a neve? Todas essas são experiências dignas de se realizar.Estou fazendo a minha lista e a cada dia me surpreendo com as coisas que ainda há por fazer.


Optar por viver experiências novas não traz de volta a juventude perdida, mas permite que mesmo com idade avançada mantenhamos o encanto da descoberta.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Criatividade

Autor: Carlos Alberto Hang

Existem aqueles que ainda acreditam ser a criatividade um dom inato e sendo poucos os detentores do mesmo, mas afirmo a estes que estão equivocados, pois criatividade é deveras natural a todo e qualquer ser humano e a dimensão criativa do indivíduo é proporcional ao exercício constante. Ainda sinalizo a vós outros que o potencial criativo é construído pela interferência do meio social, começando esta constituição desde a mais tenra infância, tendo os pais como primeiros promovedores do despertar criativo de suas proles. Muitos adultos têm ínfima paciência diante da fase do desenvolvimento infantil quando as crianças questionam o mundo, enchendo de "por quês" para todos os lados. Para se livrarem destes questionamentos, os adultos, se não silenciam a natural e sadia curiosidade infantil, fornecem respostas empobrecidas aos infantos, tirando deles este valioso exercício promovedor da criatividade, que é o questionamento.

Mas o que é criatividade, enfim? Podemos dizer que faz par com a indagação, iniciando com o questionamento do por que algo é daquela maneira e, em seguida, uma infindável busca de meios de fazê-lo diferente. O combustível ou a energia motriz da criatividade é a imaginação, sendo esta tão ampla quanto tenha sido esta ferramenta aprimorada com o passar dos anos. Presentear crianças com brinquedos que incitam a imaginação em suas diversas ordens, é um bom começo para iniciarmos o processo de um indivíduo com potencial de criatividade interessante. Professores devem também promover em seus alunos a imaginação e esta se dará não apresentando assuntos ?mastigados?, mas fazendo com que os alunos busquem em si mesmos as conclusões através do exercício avaliativo e dedutivo.

Podemos dizer que uma pessoa criativa também é um indivíduo corajoso, pois toda criatividade denota uma questão proporcional de risco, e apenas aqueles que ousam arriscar o pensar e o fazer diferentemente do habitual é que promovem ações criadoras. Logo, um líder tem que ser alguém corajoso para poder ser criativo.

Podemos identificar uma pessoa criativa quando está inserida neste contexto comportamental: possui senso de curiosidade aguçado; persiste diante dos obstáculos que se apresentam quando move ações criativas; é determinada diante de buscas alternativas que venham a solucionar problemas que se apresentam; consegue rever e questionar suas próprias ideias que lhe parecem sensatas; mesmo sendo independente aceita o apoio dos demais; busca constantemente reinventar a própria vida, sendo este o sentido maior de ser da criatividade.

O criativo une o mundo das ideias ao que se apresenta como pronto, fazendo deste um passo a mais. A imaginação promove ideias abstratas, e estas, associadas ao mundo concreto, a ações criativas. Os criativos são detentores de altos níveis de consciência e de imensa percepção do mundo que os envolvem, além de grande sensibilidade, pois, ao que escapa às mentes e olhares da maioria, eles percebem com naturalidade e, automaticamente, buscam compreender e meios de aprimoramento daquilo que percebem.

Um líder deve ser, necessariamente, um ser criativo, isto é, ter pensamentos investigativos, ter capacidade de desequilibrar os seus conceitos prontos e reeditá-los com aprimoramento, ter ampla capacidade de resolver conflitos, ser capaz de unir dois elementos nunca antes combinados e, através destes, promover um novo elemento útil, ter busca constante de soluções alternativas e manter sempre a mente aberta ao novo e a revisão de si mesmo.

Os três inimigos

Autor: Donald Malschitzky
Publicado no Jornal Notícias do Dia e Recanto das Letras

Quantas vezes nos deparamos com situações que nos constrangem porque constatamos que poderiam ser diferentes e muito melhores. Ou não precisariam existir. Às vezes a solução está ali, escancarada, mas não é usada. Por que acontece? Porque um ou os três grandes inimigos do progresso, da felicidade e do respeito mostraram sua força.
Esses três mosqueteiros do atraso são bem conhecidos e causam um estrago enorme: o primeiro deles é a ignorância. A ignorância do não saber. Muitas vezes, ela é fruto da teimosia (a pessoa não sabe porque acha que já conhece o suficiente) e seu portador não admite que precisa aprender mais. Nas outras, é resultado da falta de oportunidades, outras vezes está disfarçado de saber obtuso, de violência, de desrespeito. Quem não sabe falar, não fala; quem não sabe fazer, não faz; quem não tem conhecimento é escravo de sua própria ignorância.
O segundo inimigo é mais perigoso: o preconceito. Determinar o formato, o conteúdo e as consequências sem conhecer, julgar antecipadamente e agir a partir desse julgamento. Negar-se a conhecer, analisar, debater, porque “já sabe como é”. Não admitir novidades, modernização, ousadia, criatividade. Afinal, tudo já “está escrito”. Colocar um rótulo nas pessoas, nas situações, nas possibilidades, nos acontecimentos e não se afastar dele, Não acreditar e pronto. Quantas boas oportunidades são perdidas assim; quanta felicidade passa como o hálito porque o preconceito não deixa que se agarrem as oportunidades.
O terceiro é sutil, enganador e covarde. Algumas pessoas o têm tão forte que nos fazem acreditar que ele é coerência. Chama-se medo, o terceiro inimigo. Infiltra-se em nossa mente e nosso coração e se apresenta, até, como fruto da experiência (“Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça”). É retrógrado, defende o “status quo” com unhas e dentes, não porque está contente, mas porque arriscar é perigoso, inovar é perigoso, crescer é perigoso.
Não saber, não acreditar, não arriscar; uma senhora receita de fracasso.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O trem, o sapo o milho de pipoca e as mudanças

Autor: José Ricardo Corrêa Maia

O trem segue de estação em estação até chegar ao seu destino final. Assim, é o ciclo da vida no qual a gente nasce, cresce, envelhece e também chega ao destino final. A cada etapa ou estação ocorre o que assusta a muitos que é a mudança.

Quando o trem para numa estação fica um determinado tempo para carga e descarga e para entrada e saída de passageiros.

Essa mudança não causa apenas simples desconforto, mas também medo.
É como se mudasse de escola, emprego ou cidade. Com o passar do tempo se faz amizades e se acostuma com esta estação. Mas chega um certo momento que é hora de partir para a próxima estação. Alguns passageiros continuam a viagem, outros desembarcam.

Temos que acompanhar o trem da vida e assimilar todas as mudanças. Não é fácil, mas é necessário,
Profissionalmente deve-se facilitar e até mesmo provocar mudanças. Sem mudanças não há crescimento.

Albert Einstein declarou: “É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE MUDAR OS HÁBITOS DAS PESSOAS”.
As pessoas e os grupos resistem às mudanças ou por medo do que lhes é desconhecido ou por medo do que possam vir a perder com a implantação de novas mudanças e por sair da zona de conforto.
O livro Ping - A busca de um sapo por uma nova lagoa de Stuart Avery Gold fala sobre mudança, superação de obstáculo e fé. É a parábola do sapo Ping, que se vê diante de uma aterrorizante aventura quando a lagoa que conhecia tão bem e onde se julgava tão feliz seca completamente, fazendo com que ele saia em busca de um novo lugar para dar seus saltos. O que prova que muitas vezes temos que mudar.

No caso do trem, por mais que se goste de uma estação, por vezes somos forçados a mudar de estação, por exemplo, quando se é dispensado de um emprego.
No livro “O amor que acende a lua” de RUBEN ALVES narra a parábola do milho de pipoca.
O milho de pipoca somos nós: duros e impróprios para comer.Pelo poder do fogo podemos nos transformar em outra coisa. Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito.
Mas, de repente, a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos, o fogo. Pode ser perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego ou pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cujas causas ignoramos.A pobre pipoca, fechada dentro da panela, cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou. Dentro de sua casca dura não pode imaginar destino diferente. Aí, a grande transformação acontece e ela aparece completamente diferente.Mas tem o piruá que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura. Terminado o estouro da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.
Não seja um piruá. Quando o trem da vida prosseguir não resista a mudança, pelo contrário, mude para vencer.
Para isso você deve ter SABEDORIA para reconhecer a necessidade de mudar, CORAGEM para iniciar a mudança e DETERMINAÇÃO para manter o curso.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Riso e esquecimento

Autor: Jura Arruda

Passa mesmo. O tempo passa para todo o mundo. E todo mundo vai ficando mais lento, mais pesado, mais esquecido. É desse esquecimento que vou falar nas próximas linhas, e também do riso, que riso a gente não se esquece de dar, ou esquece, mas nunca deixa de lembrar que ele existe, sei lá, algo assim.Quero falar do esquecimento que se estabelece nos labirintos da memória, que cavou seu espaço no decorrer de uma vida, minuto a minuto, lenta e insistentemente. Esse esquecimento, Darwin, meu velho, é típico da evolução humana. Esse! E não o que se enrosca no lobo temporal e geneticamente se perpetua para milhões de anos depois deixar de ser anomalia e virar típico do ser humano. O esquecimento que vem com a velhice, Darwin! Esse é o esquecimento da evolução humana, que esse mundo há também de ter linhas tortas, não é?

Veja só minha avó! Já cruzou a linha dos oitenta, tem o corpo cansado e uma diabetes daquelas que horrorizam qualquer gourmet, doencinha sem-graça que tira bastante do paladar da vida, do doce da vida. Minha avó, Darwin, tem o dom de esquecer algumas coisas. Não, Doutor Alzheimer, não tem nada a ver com o senhor, os esquecimentos de minha avó são genialmente escolhidos por ela, ou por seu inconsciente. Basta que falemos a ela de uma época ruim ou de alguém cujas lembranças são dolorosas, e ela, com o doce olhar de quem já viu muito, mas não cansa de olhar, murmura com delicadeza: “Não aconteceu isso”. Para em seguida levantar a voz e deixar seu sotaque interiorano se revelar em frases como “você está louco!” ou “Imagina que isso aconteceu? O sangue de Jesus tem poder!”

Entre risos e abnegações, deixamos o fato no esquecimento para trazer à tona eventos bem mais remotos, mas que por trazer felicidade ela não se esquece de jeito nenhum. “Vó, como a senhora se lembra disso? Faz tanto tempo!”. E a voz suave e casual volta a sair de seus lábios marcados, “Eu lembro, ué!”.

O tempo passa. Passa mesmo. Passa para todo o mundo. E todo mundo vai ficando mais lento, mais pesado, mais esquecido... Mais evoluído. De tristeza os jornais estão cheios e a vida não nos poupa. Quem precisa recordar? Minha avó, evoluída, linda e lúdica sabe disso, sabe que nenhuma dor merece replay. Estou na metade do caminho, vovó Tere, mas estou aprendendo com você a também esquecer um pouco.

Tempo é dinheiro

Autor: Donald Malschitzky
É simplesmente incrível como determinados conceitos e, principalmente, ditados, se firmam. “Devagar se vai ao longe” ou não chega nunca. “Quem tem boca vai a Roma” ou se perde no caminho graças às informações erradas. “Quem tudo quer, tudo perde”, mas quem nada quer, ganha o quê? “Quem cedo madruga, Deus ajuda” ou fica com mais sono. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” ou seca a fonte. “Quem vê cara, não vê coração” ou vê mais ainda. “Os últimos serão os primeiros”... a ficar por último!
Os adoradores do trabalho sem prazer, há uns 400 anos, mais ou menos (bobagens também se eternizam), inventaram: “Tempo é dinheiro.” E o mundo, por séculos, igual aos ratos de Hamelin, segue o feitiço da música que sai da flauta dos insensatos. Tempo é dinheiro para quem compra tempo e para quem vende tempo. Ou: qual o critério para estabelecer que a hora de um atleta famoso valha tanto e a do outro atleta, que diariamente corre atrás do caminhão de lixo para fazer seu trabalho, valha tão pouco? São tempos diferentes? Ah!, mas o de um vale mais do que o do outro, dirá o leitor mais desavisado. Por que vale? Pela valorização dos resultados apresentados, sim, mas não pelo tempo despendido. Aliás, a remuneração de muitos atletas é inversamente proporcional ao tempo gasto; quanto menos tempo, melhor o resultado e maior a remuneração.
Esse conceito tem origem na escravidão, pois as pessoas e tudo nelas, inclusive o tempo, pertenciam a outras pessoas. Uns eram donos da vida dos outros, mas levar isso a sério ainda hoje em dia, que falta de critério! Que falta de humanidade. Mas muita gente ainda pensa assim. E age assim. E ensina assim. E vive assim. E “decora” seus estabelecimentos com o ditado.
O empregador que compra o tempo do empregado está fazendo um péssimo negócio; o empregado que vende seu tempo é um enganador. A capacidade, a vontade de fazer, o prazer em alcançar resultados, o ser feliz em produzir é que determinam a missão num trabalho. E a felicidade nele.
Tempo é vida, não dinheiro, e a vida não tem preço.

E sobre Informação?

Autor: Marco Aurélio Hintz
Um dos maiores desafios que todos temos na “Era da Informação e do Conhecimento” é: aprender a aprender.
Atualmente, a informação está amplamente democratizada e disseminada em vários meios, principalmente após o surgimento da Internet. Mas isto tem efeitos colaterais. A grande maioria desta informação não é informação, é: LIXO.
E como sabemos, lixo polue!
E informação na forma de lixo não é exclusividade das mídias virtuais e da internet. Se entrarmos em qualquer livraria hoje, me arrisco a dizer que mais de 99% dos livros que estão lá são: LIXO.
Até para alinhar o entendimento, me refiro a lixo aqui como toda informação que não agrega valor nenhum em termos de conhecimento e ainda polue a nossa mente, seja com um monte de inutilidades escritas, seja com conceitos errados ou desvirtuados sobre determinado tema, escritos por pessoas incapacitadas. No caso dos livros, principalmente, muitos são verdadeiros caça níqueis, e alguns deles "há semanas na lista dos mais vendidos...".
Impressionante o poder do marketing...
Então, como compartilhamento de experiência e contribuição ao desafio, em relação aos livros, minha primeira sugestão é: evite comprar por impulso! Parece básico, mas muitas vezes tendemos a nos levar por uma capa bonita, um título chamativo, uma chamadinha na capa com a recomendação de alguém conhecido dizendo "Este livro deveria ser lido por todos que se interessam pelo tema. Imperdível!", e por aí vai...
É sempre importante ler a sinopse, ler um pedaço do primeiro capítulo, aplicar uma leitura dinâmica rápida no restante do livro e se ater a determinados assuntos que interessem e, neste caso, selecionar alguns e ler ao menos uma parte de forma mais detalhada e com bastante atenção. O foco deve ser o de avaliar a profundidade com que o autor trata o tema. Quando for superficial, é indício de: LIXO. Aconselho a partir para outro.
Estas dicas acima eu extraí de um livro que li certa vez. O nome do livro era justamente: "Aprendendo a aprender". Não me lembro do nome do autor, mas o livro era interessante, apesar de que, como muitos outros livros que existem por aí, o autor utilizou umas 300 páginas para descrever um conhecimento que ele poderia ter passado em 3.
E é por isso que sempre precisamos encontrar as informações que formam a RAIZ do tema, independente do meio, físico (no caso dos livros) ou virtual (no caso da internet e outros). Isto é altamente relevante!
Vou tentar explicar usando uma analogia com uma planta cheia de folhas. Suponha que você queira estudar esta planta. Você poderia começar pelas folhas, certo? Você pega uma folhinha e estuda. Depois você pega outra folhinha e estuda. E assim vai... O problema é que esta planta possue milhares de folhas, e não existe muita diferença entre uma folha e outra, ou seja, ESTE CONHECIMENTO NÃO ESTÁ TE AGREGANDO NENHUM VALOR, VOCÊ ESTÁ POLUINDO A SUA MENTE COM INFORMAÇÃO REDUNDANTE E DESNECESSÁRIA, E PERDENDO TEMPO.
Então, para tornar mais eficaz o seu estudo comece PELA RAIZ, depois pelo caule se for o caso, e assim por diante... e somente no fim estude UMA OU ALGUMAS folhas caso elas lhe forneçam alguma informação adicional e que você julgue relevante. Estudar todas as folhas não vai te agregar nada, você vai perder tempo, saturar a sua mente com excesso de informação, e se tivesse começado por elas correria o risco ainda de ficar sem conhecer verdadeiramente a planta.
De forma análoga, sempre que você for estudar determinado tema comece pela "raiz". Ou seja, procure pelo(s) autore(s) que escreveram as bases do tema, e somente depois, conforme a necessidade, estude as folhas, ou seja, algum autor que tenha feito alguma atualização, evolução ou especialização no tema, e se isto lhe interessa.
Em todo estudo sempre existem as informações que fundamentam o tema, e as informações periféricas, dos que se aproveitam do conhecimento raiz e discorrem sobre ele, mas que geralmente são muito mais superficiais, e muitas vezes escritas por autores que conhecem apenas superficialmente as bases do tema e, consequentemente, escrevem livros também superficiais, e em muitos casos: LIXO.
Exemplificando, se você quiser estudar sobre espiritismo comece por Allan Kardec, se quiser estudar sobre engenharia de software comece por Roger Pressman, se quiser estudar sobre budismo comece por Dalai Lama, e assim por diante. Se não souber como chegar as raízes, investigue ou pergunte a quem conhece o tema (cuidado aqui, muitos apenas acham que conhecem...). Este é um tempo bem investido e fundamental para começar pelo caminho certo, evitando que você se perca no meio de tanta informação.
Após estudar a RAIZ, você pode então partir para DETERMINADAS FOLHAS, se lhe convier e julgar interessante ou necessário no caso de alguma especialização. Você pode perceber que de todos os temas exemplos que eu citei, existem centenas de autores periféricos que escrevem sobre o tema, mas a maioria deles são superficiais, e alguns acabam inclusive escrevendo bobagens e desvirtuando o tema, ou seja, produzindo: LIXO.
Lixo polue!
Ajude a preservar o meio-ambiente: real e virtual.

Gigantes não morrem

Autor: Dorvalino Furtado Filho

Existe a velhice onde o espírito enruga mais que o rosto e espera a morte. Mas hoje há mais idosos ativistas e produtivos do que jovens, e estes “idosos” guardam um otimismo e espírito irradiador de juventude, denodo e experiência.

Quem tem amor e acredita que a vida é um milagre e gosta do que faz nunca envelhece e não morre, pois soube viver com projetos de vida, de trabalho e nunca foi medíocre, sabendo discernir as qualidades inconciliáveis com a disciplina social.

Pessoas que são meras sombras não vivem, apenas passam neste mundo para serem domesticadas.

Não podemos aceitar gente servil e lacaios da sociedade. Precisamos, sim, de pessoas de caráter que nunca perderam a sua impulsão de dignidade.

Neste mundo, ainda vivem gigantes da alma que mostram ser excelentes na forma de viver, não adulam e não são inoportunos. O mundo tem ainda “sede e fome” de ver pessoas que vivam contra a rotina, não aceitem os rotineiros e sejam, ainda, contra os servis alienados, e que quebrem a monotonia que mata.

A maior virtude de um gigante da vida é rejeitar os hipócritas e os medíocres, porque gigantes se recheiam de verdades, sem nada de falso em suas falas e procedimentos, pois aqueles que se acostumam a proferir palavras falsas acabam por faltar a si mesmos perdendo a noção de lealdade para com o próprio espírito.

Estes hipócritas ou pequenos de alma ignoram que a verdade é a única condição fundamental da virtude e liberdade.

Ninguém derrota a verdade e obras destes gigantes, até porque são incontáveis os dias de vitória que ainda virão para eles, desde que não tenham medo, ira e ingratidão no coração.

Quem você amou e foi um gigante na alma, e se já não está neste mundo, não morreu, estará sempre ao seu lado, e caso você sinta saudades incontroláveis, pense nos versos deste grande que foi e sempre será Tom Jobim:

“Eu sei que vou te amar:

“... Eu sei que vou chorar

“A cada ausência tua, eu vou chorar

“Mas cada volta tua há de apagar

“O que esta tua ausência me causou...”

Nunca dê adeus aos gigantes da alma e da vida, seja sempre grato porque eles ainda existem e são, ainda, grandes de alma, pois nunca foram estúpidos, ingratos ou injustos, e “vivem” sem medo, ira ou inveja.

Se você é feliz e chora porque um gigante da sua vida saiu do seu lado deixe o mundo rolar, lute pelo que é certo e viva, mas nunca deixe de sentir, amar e agradecer por ter um gigante da alma ao seu lado.

Nos parques da vida

Autor: José Ricardo Corrêa Maia

Ao brincar com minha pequena princesa num parquinho percebi que a vida pode ser comparada com um parque.

Mas afinal de contas o que é um parque? Parque é um terreno com muitas árvores destinado a passeios. Parque infantil é um local público destinado para a recreação de crianças que é provido de brinquedos tais como balanço, gangorra, etc. ou aparelhos de ginástica, também chamado de playground ou parquinho.

Ao comparar um parque com a vida tem-se a gangorra que é um verdadeiro sobe e desce como a vida, cheia de altos e baixos. Esse brinquedo requer duas pessoas que tenham harmonia e união.

Paula Falcão em “Jogo da Vida” diz que “A gangorra é dos sentimentos que dá um frio na barriga na hora de mudar de posição. È um gira-gira de emoções”.

“Sinto-me numa gangorra e lá estou na baixa estima desejando que alguém na outra ponta sente, me eleve e me jogue para cima” é relatado por Lívia Apetitto França em “Parque dos Sonhos”.

O balanço, no vai e vem nos faz sentir a liberdade que nas trilhas entre as árvores usamos para escolher o melhor caminho em outro parque da vida, ou seja, o livre arbítrio.

Para o escorregador precisa-se subir a escada para descer velozmente e confiante.

O gira-gira faz lembrar ciclos, assim como a roda gigante. Isso no remete a humildade e modéstia.

Mikael Ferreira em “Minha vida é um parque de diversões” escreve que “A vida pode ser uma roda gigante. Hoje você está aqui em baixo, vendo como os lá de cima estão felizes. Em menos de cinco minutos já está no topo, olhando de cima”. Finaliza comentando que “Ser feliz é estar” no “parque da vida, onde você escolhe em que brinquedo vai”.

Em “Montanha-russa” de Bia Kunze ela relata “que no parque da vida não sou o carrossel. Sou a montanha-russa” comparando o conhecido e pacato com o desconhecido e cheio de abruptas mudanças.

Parque infantil, de diversões ou horto-florestal remete a vários sentimentos e valores essenciais para se viver.

Nos parques da vida aproveite o que puder hoje.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Os herdeiros da Terra

Autor: Donald Malschitzky
Está bem, está bem, não precisa avivar minha memória, pois lembro muito bem do dia em que tentei me inscrever num concurso de ingenuidade e não me aceitaram com o argumento de que, no quesito, sou hours concours. Dizer que Cervantes só escreveu Don Quixote porque nasceu 500 anos antes de mim, pois, se não fosse isso, o título seria outro, você sabe que tem um monte de exagero, mas, pensando bem, ridendo castigat mores, e, no fundo, no fundo, sou um ingênuo idiota que não acredita em Papai Noel, mas tem um defeito bem maior: acredita que o ser humano tem solução.
Falava-se na geração pós-guerra, que, por seus pais terem sofrido as agruras todas, seria educada com mais amor à verdade, mais tolerância, mais solidariedade. Pois o tiro saiu pela culatra, e tivemos que inventar uma tal de contracultura (alguém já descobriu o que, de verdade era isso?) e acreditar em “flores vencendo o canhão”, porque dos pais não recebemos nada disso.
Pode rir, pode, mas eu acreditava que a próxima geração, a dos nossos filhos, seria muito melhor que a nossa, pois herdaria nossa forma de sonhar, acreditaria nos sonhos, mas, por conhecer nossos imensos erros, faria uma síntese positiva e produtiva. Com alguns funcionou, apesar de muitas frustrações. Mas aí descobri que minha geração também foi formada por um monte de egoístas alienados, que nada passaram adiante.
Chamem-me do que quiserem, mas a antítese do que sonhamos está na atual geração que tem entre 20 e 30 anos de idade, com seríssimos reflexos na turma que vem depois. Consumistas, imediatistas, egoístas e sem um pingo de educação, por não a terem recebido ou por se acharem os donos do universo. Tiradas as benditas exceções (e conheço muitas, felizmente), o retrato é esse.
O casal novinho, com perfeita saúde física e nenhuma saúde moral que estaciona na vaga para portadores de necessidades especiais e sai de mãos dadas (“o amor é lindo”), a jovem que xinga porque numa casa separam o lixo reciclável, quando “tem que colocar tudo junto, é mais fácil e o lixeiro leva tudo, mesmo”, a que fica 45 minutos debaixo do chuveiro e não fecha a torneira para escovar os dentes, os jovens que não sabem dizer “bom dia” etc. etc. etc., são apenas extratos de milhões e milhões de jovens que herdarão a Terra. Em que estado, não sei.
Publicado no Jornal Notícias do Dia

Terremoto moral

Autor: Dorvalino Furtado Filho
O planeta Terra está abalado por um terremoto de valores que está destruindo os alicerces da moral e da dignidade humana. A ingratidão, a violência e o parasitismo contra idosos, crianças e a mulher estão desestruturando famílias inteiras ao torná-las reféns do medo. Estatísticas oficiais comprovam que três em cada dez crianças brasileiras residem em casas onde a violência é uma constante. Lamentável que pais ordinários ainda estejam longe da cadeia ou da punição severa pelas leis. Por outro lado, a impunidade está levando a sociedade a ser refém da insegurança.
O medo e a insegurança levam as pessoas a viver com a sensação de vazio, desesperança, anedonia (perda do prazer com as coisas), tensão interior, ansiedade e sensação de estranheza.
Os bandidos estão nas ruas, escaparam das cadeias e começam a ameaçar a paz e a tranquilidade. Uma ressalva: não falo só de bandidos medíocres, que roubam para matar a fome, mas de bandidos que roubam bens maiores, aqueles predadores e servis, que sugam tudo e todos.
A segurança precisa de apoio incondicional neste Brasil. Onde está o cumprimento exemplar da lei que pune os bêbados ao volante no Brasil? Só a imprensa cumpre o papel de fiscalizar.
Além do mais, em pleno século 21, presenciamos milhares de pessoas carentes em filas de centros de saúde à espera de uma consulta médica. E sofremos ameaças de epidemias primitivas, de séculos atrás, como a dengue, a malária, tuberculose e outras que deveriam estar extintas.
E o progresso mundial presencia mais de 40% da população sem acesso a serviços básicos confiáveis de saúde. Hoje, há mais de 500 milhões de subnutridos, enquanto países em desenvolvimento gastam duas vezes a soma dessas estatísticas na compra e fabricação de armamentos, sem contar que mais de 15 milhões, principalmente de crianças, morrem de fome e de sede.
Estamos em meio a uma crise de valores, uma crise social e ecológica. Pesquisa-se sobre tudo, sobre os mais variados meios de viver bem, mas ignorou-se o nível de grandeza a que chegou a insensatez humana. Resta-nos, a fé para que não se deixe a ansiedade, a curiosidade e o medo do futuro tomarem conta da alma, caso contrário, a vida mesmo deixará de protegê-lo.

Publicado no Jornal A Notícia

O gigante, os touros, os gravetos e o bote

Autor: José Ricardo Corrêa Maia
J.I. Gonzáles Faus conta em sua parábola “O anão e o gigante” que na margem de um rio, um gigante ao se preparar para atravessá-lo, encontrou um pigmeu que não sabia nadar e não podia atravessar por causa da profundidade. Então o gigante colocou o pigmeu sobre os ombros e iniciaram a travessia. Na metade da travessia o pigmeu avistou índios escondidos por trás da vegetação na outra margem e avisou ao gigante que retornou. Neste momento flechas foram disparadas, mas não os atingiu. O gigante agradeceu e o pigmeu respondeu:
- Se você não tivesse me colocado sobre os seus ombros não poderia ter visto além de você mesmo.
Neste exemplo pode se observar que a união dos envolvidos usou os princípios da solidariedade e da ajuda mútua.

A fábula “O leão e os 3 touros” de Esopo relata que os três touros amigos sempre pastavam juntos até que um leão criou a discórdia entre eles e quando pastavam sozinhos, ele atacou-os sem medo e devorou-os.
Neste caso percebe-se que enquanto em grupo, os touros não foram atacados. O leão somente conseguiu seu objetivo quando teve a desunião dos touros.

No conto “O bote” de Vayikra Rabbah tem-se um grupo atravessando o rio num bote, quando um homem começa a fazer um furo debaixo dele. Seus companheiros reclamam, mas ele responde que o furo é debaixo do seu próprio assento e completou: - o que é que vocês tem a ver com isto?
Nesta situação constata-se a falta de harmonia, entendimento e colaboração. Alerta-se que ninguém é uma ilha dentro de uma empresa ou família, por isso deve-se ter harmonia.

Na fábula “Os gravetos” de Esopo é relatado que um homem tinha muitos filhos que viviam brigando. Não havia meio de conseguir harmonia na família. Certo dia ele pegou um feixe de gravetos e pediu que cada um quebrasse com o joelho. Ninguém conseguiu. Ao desfazer o feixe entregou os gravetos um por um e todos quebraram os gravetos. Então o pai disse: - se ficarem separados, só podem perder, agora se vocês se unirem não há inimigo que os possa vencer.

Infelizmente não são fatos apenas em parábolas ou fábulas. Encontramos muitas empresas como o bote, muitas famílias que não conseguem quebrar os gravetos, amigos como os touros e poucos gigantes e pigmeus.

Se uma equipe, área, empresa ou mesmo família não tiver união, coesão e entrosamento provavelmente não se terá ajuda mútua, troca, colaboração, engajamento e entendimento.

Tudo isso é necessário para se ter união e sinergia.
Sinergia deriva do grego Synergía que é a união do vocábulo Syn que é união, cooperação, harmonia e Érgon que significa trabalho. Portanto, sinergia é a união de esforços num mesmo objetivo. Costuma-se dizer que quando duas ou mais força juntas produzem um resultado maior do que se estivessem separadas tem-se a sinergia.

De acordo com Priscila de Lourenço Coelho em “Sinergia: sim, sinergia!” o indivíduo que consegue realizar suas metas pessoais, tem maior facilidade de realizar metas em grupo.
Talvez por isso, ainda temos “silos” em torno dos departamentos impedindo que os assuntos sejam resolvidos. Desta forma não temos processos e sim “feudos” nas empresas, onde se escutam frases como “eu já fiz a minha parte!” ou “isso não é do meu departamento” com a total falta de integração e interação. Sendo que interação harmoniosa é a base para a sinergia e união.

Numa família, união e sinergia são fundamentais, principalmente quando sonhos são compartilhados. Mas para isso é preciso respeito, saber ouvir e considerar opiniões.

Confúcio disse certa ocasião que duas pessoas ao trocarem dois objetos saem cada uma com um objeto, mas ao trocarem duas ideias , saem cada uma com três ideias.

Reflita se você está praticando o senso de união, assim como o gigante ou se encontra mais para um touro.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A bicicleta e o ciclista (The bicycle and the cyclist)

Autor: José Ricardo Corrêa Maia
A bicicleta sempre exerceu o fascínio do desafio de conseguir se equilibrar para andar nela.
Ao fazer a analogia da bicicleta com a vida têm-se os pedais que necessitam de energia para se pedalar e imprimir velocidade. Na vida também se precisa de forca para de tocar o dia-a-dia. Já as engrenagens representam a harmonia e cumplicidade. A educação e o respeito que sustentam os relacionamentos podem ser o selim que sustenta o ciclista.
Para reduzir a velocidade em descidas usa-se o freio que é a prudência. A tolerância é o par de pára-lamas.

Mas é o ciclista que com temperança, determinação e sabedoria que dá a direção e razão a vida.

Padre Zezinho em “A bicicleta da vida” diz “Temperança ou equilíbrio é a capacidade de tomar decisões sábias. Saber temperar a vida é torná-la gostosa de viver”. Completa com o seguinte “Ache seus movimentos, aprenda a tomar decisões, ache seu equilíbrio. Viver é como andar de bicicleta”.

Aguinaldo Oliveira em “Aprenda a andar de bicicleta para viver a vida” relata que “uma das características mais admiradas em um profissional é a sua capacidade de tomar decisões corretas em momentos de pressão. Isso faz parte do equilíbrio que pode ser comparado a uma das atividades mais simples que é andar de bicicleta”. E finalmente diz “às vezes precisamos empurrar a nossa bicicleta morro acima ... mesmo sendo um peso a mais para carregar, ela o ajudará nos outros trechos de descida”.

Albert Einstein relatou certa vez que a vida é como a bicicleta.

Então seja você o ciclista da bicicleta da sua vida.
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The bicycle and the cyclist

The bicycle always had the fascination of the challenge of achieving balance is to walk it. By making the analogy with the life of the bike is the pedals are in need of energy to ride and print speed. In life also need the strength to touch the day-to-day.

Already the wheels represent the harmony and complicity. Education and respect that underpin the relationships can be the seat that supports the rider. To reduce the speed decreases in USA is the brake that is prudence. Tolerance is the pair of stop-sludge. But is that the rider with temperance, wisdom and determination that gives the direction and reason to life.
Zezinho priest in "The bicycle of life" says "temperance and balance is the ability to make wise decisions. Temper know life is make it nice to live. " Complete with the following "Find their movements, learn to make decisions, find your balance. Life is like riding a bicycle."
Aguinaldo Oliveira in "Learn to ride a bicycle to live the life" reports that "one of the characteristics most admired in a professional is his ability to make correct decisions in times of pressure. This is part of the balance that can be compared to a simple activity that is riding a bicycle. " And finally says "sometimes we push our bike uphill ... even one more to carry the weight it will help in other parts of descent."
Albert Einstein once reported that life is like a bicycle.
So you are the rider of the bicycle of his life.

Gratidão

Autor: Dorvalino Furtado Filho
Se existe um nível altíssimo na moral de um ser humano este nível é a gratidão. É incrível, mas o homem foi superado pelo cão guando se trata de gratidão.
Sêneca, em cartas a Lucílio, abordou esta moral em afirmar que "não há ódio mais violento do que o proveniente de um benefício não honrado", em outros termos é a pessoa ser ingrata em todos os sentidos.
É incrível, mas o homem foi superado pelo cão guando se trata de gratidão. Hoje, fazer um favor ou benefício a alguém, para quem quer que seja, é perigoso, pois pode terminar a amizade. Muitos agem e pensam assim.
Max Gehringer, lá dos seus clássicos corporativos não diz de gratidão, mas sim de favor, e ao criar a lei da perversidade profissional enfatiza que a chance de uma pessoa se lembrar de um favor que você fez a ela vai diminuindo à taxa de 20% ao ano. Cinco anos depois, o favor será esquecido... Mas a chance de alguém se lembrar de uma desfeita se mantém estável, não importa quanto tempo passe.
No nosso cotidiano é impressionante como somos afetados pela ingratidão. Muitos casais amigos que convidam outros casais para jantar em sua casa, em encontros felizes de fim de semana, sentem-se frustrados por não terem reciprocidade ou gratidão em também serem convidados e assim o tempo acaba com a amizade ou deixa-se de se convidar e morre, aos poucos, a amizade ou um relacionamento digno de família em trocarem ideais e felicidade.
Aquele chefe de algum setor ou mesmo o chefão que não é capaz de dar um pequeno elogio a um bom trabalho do seu funcionário, mata a vontade do subordinado em criar ou a ter estímulo de fazer bem feito.
Isto não quer dizer que você tenha que receber prêmios sem mais nem menos por tudo que faz de favor ou de gratidão. Nunca espere gratidão, apenas faça pelo bem de fazer, o retorno virá para você de outra forma muito mais providencial. Até porque como disse Mason Williams, receber certos prêmios ou elogios é como ser beijado por alguém com mau hálito. Cuidado!
Vamos ser gratos sempre pelo que possuímos e lembrar que estúpida é a pessoa ingrata, injusta e parasita, ou seja, aquela pessoa que não retribui nada do que recebe.
Publicado no Jornal A Notícia

Mentiras

Autor: Marcelo Harger
A mentira tem perna curta. Errado. A perna é enorme. Quanto mais se mente, maior a perna. E como o único modo de sustentar a mentira é mentindo cada vez mais, o número de pernas aumenta. Surgem verdadeiras mentiras polvo.

Oito pernas é pouco. São verdadeiras centopeias com pernas enormes. Talvez o melhor seja imaginar um híbrido, uma centopeia com cem pernas de polvo.
Coordenar a passada de cem pernas é extremamente difícil. Como evitar que uma se enrosque na outra? Como manter a cadência do caminhar? É difícil, pra não dizer impossível. Somente a centopeia de verdade consegue, mas apenas tem êxito por ser criação divina. Os humanos jamais.

Há quem minta pra conquistar. Uns pra esconder. Há aqueles que querem fugir da monotonia e aqueles que o fazem pelo simples prazer de enganar. Outros acham que somente podem conseguir o que querem por intermédio da mentira. Finalmente há os que querem esquecer. Mentem para apagar os males que a vida lhes trouxe.

As conquistas obtidas pela mentira são fugazes, pois “quem sobe se arrastando perde, na indecência do gesto, o direito às alturas”. Os que mentem pra esconder vivem com o medo de serem descobertos. Passam a vida inteira em vigília, imaginando em palavras ou olhares indícios de terem sido descobertos.
Os que querem fugir da monotonia não percebem como são ingênuos. Uma mentira muitas vezes repetida não se torna verdade. Vivem uma ilusão e sofrem internamente por isso. Usam o que não fizeram como pretexto para nada fazerem.

Os que sentem prazer em enganar são doentes. A mentira não é apenas uma verdade que se esqueceu de acontecer. É mais do que isso. Corrói a alma de quem engana e do enganado. Deixa um rastro de dor por onde passa.

É necessário quebrar o ciclo com a verdade. Primeiro dizendo as verdades mais difíceis, aquelas que escandalizam. O mais difícil sempre deve vir primeiro. Depois dessa barreira tudo fica fácil e passa a ser possível viver na verdade diariamente. Somente vivenciando a verdade é que se pode andar com a cabeça ereta. O caminhar pode ser árduo, mas as conquistas serão duradouras e trarão a marca da liberdade.
Publicado no Jornal A Notícia.

Ela e as chaves

Autora: Ana Ribas Diefenthaler
No esplendor de seus 75 anos, é uma mulher especial. Ágil e quase hiperativa, independente e plena, dirige o próprio carro, desafia a vida, não esmorece diante das dificuldades, que vão aumentando à medida da passagem do tempo.
Mulher de muito brio e extrema fé, ela tem dificuldades em compreender as novas performances familiares que a sociedade moderna ergueu.

“Para mim, casamento é compromisso de uma vida inteira – e filhos, de toda a eternidade”, costuma dizer, do alto de sua sabedoria de professora “dos tempos em que ser mestra era motivo de orgulho e até de um certo status”.
Elegeu Francisco, aos 21 anos, embora nunca o tenha namorado, como costuma jurar. Bonitão, boa prosa, ele vinha de família de músicos e fazia uma serenata como ninguém – ainda que os cachorros da rua não expressassem muita admiração pelos violões, pandeiro e o repertório, digno de Francisco Alves.

Tinha ele várias candidatas – mas ela o conquistou, justamente porque nunca demonstrou assim, maiores interesses. Formou com ele uma família bonita, cinco filhas e um varão, vários netos, três bisnetos. Mas, desde jovem, sempre teve dificuldades com um item quase bobo: chaves.

No começo, nada muito importante, já que pouco em sua vida exigia trancas. Mas, hoje em dia, enlouquece, às vezes a si própria e a todos à sua volta.
A casa, com várias portas e cadeados, a garagem e o portão de ferro da frente, o acesso do jardim de inverno, são tantas as chaves que tem de administrar, que nunca sabe onde guardou as ditas, quando precisa.

Precisa de mais do que três raciocinadas para definir por que porta vai sair e as chaves que a estratégia exige. Outro dia, pegou a chave da porta interna da garagem e colocou no carro, porque queria entrar em casa por ela, para não ter que abrir as tantas outras do acesso principal.

Esqueceu-se, porém, do que havia arquitetado ao sair – e entrou com o carro, ganhando a porta principal da casa. Minutos depois, lembra que esqueceu-se dos óculos no carro – e, então, procura a chave da porta interna para ir buscá-los.
Algumas xingadas depois, ela recorda que, de manhã, havia colocado a chave no painel do carro. Um longo caminho de abre-portas até resgatar os indispensáveis óculos e ela, esgotada, senta-se no sofá da sala, faz um silêncio inquietante e sorri: “que coisa... o problema é que eu ainda sou do tempo em que não precisávamos acorrentar a própria alma”.
Publicado no Jornal A Notícia.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Promotores da Vida

Autora: Inajara Freitas Villar Paiva
São as pessoas construtivas que ainda existem neste mundo tão adoecido pelo materialismo que preferem edificar o outro a destruir. São pessoas que literalmente se importam com o próximo, acreditem, destituídas de interesse de qualquer natureza egoísta. Que colocam em prática toda a linda teoria realmente com atitudes empáticas.
Já existindo desde a infância, é notória a personalidade construtiva e a oposta em um pequeno ser. Deve-se estimular a benignidade e tentar ainda nesta fase de “cimento mole” se implantar as questões de consciência e reforço de aprendizado. Quem ama educa de fato.
Os “promotores da vida” são aquelas pessoas que melhoram, que agregam, que fortalecem e que embelezam o mundo à sua volta, trazendo à tona o que cada um tem de melhor. Todos fomos, em algum momento da vida, abençoados por pessoas assim. Elas nos ajudam a ver nossos aspectos positivos. Elas nos incentivam. Elas promovem a nossa vida.
São pessoas que nos deixam contentes por estarmos vivos. São aquelas que, quando estamos desanimados, nos dão esperança. São aquelas que quando sofremos, nos confortam. Quando temos sucesso, celebram conosco. Quando precisamos de ajuda, colocam-se disponíveis.
Quando nos perdemos, nos ajudam a reencontrar o caminho. Quando nos falta experiência, nos ensinam. Quando somos gentis, manifestam gratidão. Quando estamos pessimistas, nos fazem ver o lado bom. Quando pensamos em desistir, nos dão novo alento. Mesmo quando a vida é boa, elas a aprimoram...
Na categoria dos “promotores da vida” encontra-se todo tipo de pessoa que exerça liderança e com isto capacidade de influenciar positivamente, a começar pelos próprios pais.
A função é cumprida quando se extrai o melhor das pessoas. É ser um líder servidor aquele que coloca a mão na massa e, com isto, promove eficazmente a necessária integração, colaboração, confiança, o hábito de ouvir, o emprego ético do poder e sua partilha.
Enfim, ser um promotor da vida é fazer jus a essa existência, fazendo realmente a diferença, como mais um ser que traga sanidade a nossa sociedade que clama por elementos positivos.
Publicado no Jornal A Notícia.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Valorize quem é importante para você - Aprenda com a parábola da estátua

Autor: José Ricardo Corrêa Maia

A parábola “A estátua” de Kahlil Gibran relata que um homem possuía uma estátua, mas estava conservada tombada com o rosto no chão, sem jamais prestar-lhe atenção. Um dia passou alguém e questionou se a estátua estava a venda. O dono disse: - Quem iria comprar essa pedra suja e sem graça?
- dou-lhe esta moeda de prata, disse-lhe o homem.
Depois de dias o novo dono gritava: - Entrem na tenda e vejam a mais bonita, a mais maravilhosa estátua de todo o mundo. Paguem somente duas moedas de prata para admirar esta obra prima!
Quando o antigo dono passa pelo local e acaba pagando duas moedas de prata para entrar na tenda e ver a estátua que ele mesmo havia vendido por apenas uma moeda de prata.

Há momentos em nossa vida que temos que ter atenção para não deixarmos passar oportunidades. Contudo, normalmente ocorre o contrário. O empreendedor, por não reconhecer devidamente e não valorizar adequadamente o seu profissional, acaba perdendo-o para seu concorrente.

Outra estátua em nossa vida, a qual não se pode descuidar é o nosso filho, o qual tem muitos marginais tentando fazer com que ele entre para o mundo do vício e marginalidade.

Sem contar nas crises matrimoniais que muitas vezes ocorrem por que a pessoa que a gente mais estima não teve a devida importância e atenção.

Além desses exemplos, ainda existem outras estátuas que deixamos passar despercebidas.
Logo, prezar e valorizar o que é importante deve ser um exercício contínuo.


Publicado no Recanto das Letras

Descomplique

Cada vez que alguém o ofende, o irrita ou o entristece, quer no ambiente de trabalho, familiar ou social, o universo está simplesmente lhe mostrando que há algo inacabado, mal resolvido, que está sendo trazido à toma para que você resolva. Quando uma conversa vira disputa, todos os argumentos de confrontações são resultados de pessoas agindo com seu ser interior ferido; portanto, é preciso repensar.
O cuidado com as emoções muitas vezes tem sido colocado em segundo plano em nossa vida, impossibilitando-nos de uma vida saudável e feliz. Mas assumir-se não é simples. Assumir-se não é rápido. Deve-se considerar que penetrar no desconhecido, mexer com estruturas solidificadas amedronta.
Muitos sentimentos (traumas) deixam marcas profundas no subconsciente na forma de programações mentais que mais tarde, em qualquer fase da vida, causam sofrimento, sem que você entenda o porquê de determinados acontecimentos. Muitas são as manifestações do subconsciente que interferem nas nossas emoções. Para cada sentimento negativo e ou positivo, há uma programação subconsciente correspondente.
Trabalhar com a linguagem do subconsciente exige conhecimento. Mas é muito difícil alguém se conhecer interiormente quando a busca está sempre no externo. Conhecer as emoções e os sentimentos é um caminho único no universo de cada um. Felizmente, nada é estático no subconsciente, tudo pode ser superado, reconstruído e restabelecido. Para isso, é preciso eliminar o autobloqueio arraigado ao longo do tempo. Desejo a você uma vida descomplicada.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Segurança e justiça

Autor: Roberto Szabunia

Tem toda razão a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ao atrelar a segurança à justiça na Campanha da Fraternidade deste ano. A falta de justiça é exatamente uma das causas principais do aumento da violência. A quase certeza da impunidade injeta uma dose extra de valentia nos criminosos. Ao mesmo tempo, priva-os de qualquer sentimento de fraternidade. É só conferir, no noticiário, como os assaltantes de residências têm sido inclementes com suas vítimas.

A campanha da CNBB também coloca a educação como um dos pilares centrais na construção da segurança. Concordo de novo. Mas acho que essa educação precisa ser mais rígida, principalmente em casa, com os filhos. Nada de cabresto, somente rédeas na pressão e no comprimento mais adequados, mantendo a direção certa. Claro que isso não vai funcionar numa família já estilhaçada, e aí é a vez de o poder público entrar em ação. Como? Utilizando a força da lei para retirar do ambiente podre um jovem que pode ser transformado num cidadão.

Há um outro lado da questão aqui: nem todo criminoso é fruto das desigualdades sociais ou da falta de oportunidades. Tem muito malandro que não faz a menor questão de ser cidadão ou útil à sociedade. E a maior parte dos criminosos renitentes não dá a mínima para a possibilidade de morrer. Eles não têm nada a perder. Se forem presos, utilizam a prisão como pós-graduação para a arte do crime. E a Justiça, infelizmente, tem meandros e filigranas que suavizam a penitência – quando ela é aplicada.

De qualquer forma, toda forma de debate é salutar. A CNBB tem sido uma referência mundial neste campo, com sua Campanha da Fraternidade. Todos os anos, a Igreja Católica brasileira coloca algum tema relevante em discussão, levantando lebres e acendendo luzes.

Acho até que essa campanha poderia ser ecumênica. Afinal, luteranos, pentecostais, judeus e muçulmanos também buscam, pela religião, a paz e a justiça. Quem sabe, um dia, a Campanha da Fraternidade possa ser mundial. Assim como a economia, também a segurança deve ser um tema globalizado.
Publicado no Jornal Notícias do Dia

Hipocrisia oficial

Autor: Léo Saballa

Pesquisei e descobri que entre impostos e taxas municipais, estaduais e federais o cidadão brasileiro paga 63 modalidades de tributos sob os mais variados nomes e para as mais diversas finalidades. Agora leio nos jornais que os governantes estão injuriados com o alto índice de inadimplência dos contribuintes. Falam em bilhões de reais e criticam a falta de consciência do cidadão. Alguns ameaçam cobrar judicialmente e sujar o nome de quem deve. Outros prometem descontos imperdíveis e até vantagens tributárias.

O brasileiro não deve nenhum centavo para nenhum governo, de nenhuma esfera. Na verdade, nós é que somos credores de governos insaciáveis e de governantes corruptos. A Constituição, que deveria ser um documento sério e respeitado por todos, afirma que temos direito à saúde, educação, segurança, habitação, estradas conservadas e tantas outras lorotas que compõem este livreto enganador, elaborado por políticos profissionais e sem interesses coletivos. Será que esses direitos nos são concedidos?

Quando precisamos de saúde temos de contar com planos particulares ou rezar para ninguém da família ficar doente. Segurança é uma abstração que não faz parte da nossa vida. Vivemos em terra de ninguém. A educação pública está a milhões de anos luz do ensino particular. As estradas intransitáveis são mostra da incompetência dos gestores. Basta chover meia hora em Joinville para a água invadir milhares de casas, num pesadelo recorrente. São tantas e tão irritantes as deficiências que nem vale à pena se estender e mencionar todas. É sabido que onde há estado ocorre ausência de credibilidade, mas sobra omissão e desconfiança.
Esta semana, mais uma contra o povo que paga toda essa farra. O Senado gastou mais de seis milhões de reais com horas extras dos seus funcionários, nos meses de dezembro e janeiro. Detalhe: neste período todos estavam de férias. E pensar que trabalhamos mais de cinco meses por ano só para pagar os famigerados impostos que bancam todas essas farras.

Depois de todas as sacanagens cometidas contra a população, os governos ainda têm a cara de pau de nos chamar de devedores. Falando sério, quem é que deve para alguém? Será que não está na hora de cobrar também o que nos devem e nunca nos pagaram, ao longo de décadas? Será que o PROCON também funciona para isso?
Publicado no Jornal Notícias do Dia

Força e vontade

Autor: Roberto Szabunia

Não, o título não está errado. Eu não quis escrever “força de vontade”. Essa virtude também é importante para o tema desta crônica, mas o destaque vai para duas qualidades necessárias para uma categoria especial de jovens, aqueles que estudam e trabalham. Muita força e bastante vontade.
Há os adolescentes, que aos 16 anos começam a fazer os estágios. Normalmente, eles estão no segundo ano do ensino médio, já começam a pensar no futuro, na profissão que querem seguir – ou não, talvez ainda não tenham definido o caminho.

Estes jovens, acostumados a utilizar o tempo livre para navegar na internet, bater papo no msn ou jogar videogame, precisam se organizar de outra forma. De manhã estão na aula, às 13 horas já devem bater o ponto no emprego, saem às 17, correm para o curso de inglês. À noite, em casa, um jantar reforçado para compensar o gasto de energia. Um tempo para as tarefas escolares, estudar para as provas, fazer algum trabalho. E ainda resta um período para a inadiável conferência da caixa de entrada, o papo no msn... É bom irem se acostumando, pois depois vai ficar mais pesado.
Este peso a mais chega com o fim do ensino médio, o vestibular e a tão sonhada faculdade. Talvez aquele estágio no banco já tenha virado emprego fixo. Se não, é hora de procurar um, para ajudar os pais a sustentar a faculdade.

Aí, o expediente começa logo cedo, o horário de almoço é corrido, às vezes nem dá pra ir almoçar em casa. Seis e meia da tarde o lanche é engolido às pressas – muitas vezes dentro da sala, com a aula já iniciada. Chegar em casa quase às 11 da noite, cansado, ainda com fome, fazer mais uma boquinha e... Cama!
Estudar, fazer trabalhos da faculdade e pesquisar, só nos finais de semana. Ou na hora do almoço, na empresa ou em casa. Talvez sobre um tempinho no domingo, para encontrar a galera, dar uma navegada na internet, ir no jogo, no cinema... Organizando bem, dá até pra pegar uma balada sábado à noite – tomando cuidado pra não dormir em cima da mesa, se não vão pensar que você está bêbado.

Jovem, vá em frente. Você aproveitou bem a vida de criança e adolescente até os 15 anos. A hora é de assumir responsabilidades. Você aí, rapaz, concilie: arranje uma namorada na própria faculdade, aí vocês ficam sempre por perto. Garota, capriche no trabalho e na faculdade. Passar um pouco de fome não faz mal, você até emagrece.
Lá na frente, com o diploma na mão e, quem sabe, uma carreira já encaminhada, a recompensa é doce. A cada final de semana, guarde um pouco de empolgação, faça uma poupança de disposição para festas e esbanje tudo no baile de formatura. Aí, depois de tanta força e vontade, você merece!
Publicado no Jornal Notícias do Dia

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Talento estigmatizado

Autor: Carlos Alberto Hang
Quantas vezes passamos uma existência inteira sendo sustentada por um telento que não é nosso em sua plenitude, mas incorporado por nós, principalmente pelo querer do outro, o qual estigmatizou nosso talento. O verdadeiro talento é sentido com naturalizade, é achado e não buscado, não é questionado por nós mesmos, mas pelo contrário, é reafirmado cotidianamente pelo interesse e busca por nós de tudo que o envolve.
Mas ai daqueles que tiveram seus talentos estigmatizados e passam seus dias alicerçados num segmento que não lhe pertence de fato, o qual, se não causar desconforto maior, causa insatisfação interna e busca de compensações noutros segmentos. O outro marca em nós qual o talento devemos assumir como nosso, ainda mais quando em sua fala sinaliza constantemente, não somente para nós, mas ainda mais para o público, o quanto somos bons nisso ou naquilo, e acabamos aceitando o discurso do outro, e feito um mergulho num rio de águas escuras, ao nos jogarmos, às vezes encontramos pedras no fundo do rio que provocam danos sem conta.
Os pais, principalmente, devem entusiasmar seus filhos e proporcionar meios de desenvolvimento em diversas áres de atuação, mas tomarem cuidado devem, na mesma proporção, de não colocar os seus desejos na própria prole, feito um prolongamento de si mesmos, como se o outro fosse aquele que viria a realizar os desejos deles mesmos, muitas vezes por não terem sido assumidos por eles ou tido oportunidade para tal outrora. É bem entendido que um pai médico, por exemplo, venha a despertar interesse primeiro, em seus filhos, por medicina, pois estes comungam com a rotina e informações que envolvem esta categoria profissional.
Mas o cuidado dos pais é dar apenas o exemplo de atuação profissional, não impor um estilo de vida aos filhos. É melhor ser um excelente e satisfeito profissional doutra área do que um médico frustrado. Quantos seminaristas estão frequentando seminários em preparação à profissão sacerdotal por não terem visão mais ampla do leque de profissões existentes e por serem induzidos por um estilo de vida restrito de informações maiores a respeito do que o mundo oferece de oportunidades outras, e de um ambiente familiar que está alicerçado neste contexto, do que por vocação verdadeira?
E o que dizer das profissões da moda e que proporcionam "status" social, sendo estas acolhidas em detrimento doutras que fariam jus maior com o conteúdo interno do profissional?
Se desde criança a mãe diz para a filha, bem como aos familiares, que esta sua filha tem tudo para ser modelo e artista, sendo esta uma visão particular da mãe e/ou desejo de realização dela mesma diante do que a filha possa vir a realizar.
Mas a criança, estigmatizada pela mãe deste exemplo, acaba acatando de bom grado este talento, até mesmo para não frustrar a mãe, sendo que este talento nem sempre é seu de fato, tornando-se provavelmente uma pessoa frustrada num futuro próximo. Talento inato não existe, o que temos é uma disponibilidade genética e neurológica maior para certos segmentos, os quais terão que ser alimentados pelas ações para que se despertem e se aprimorem, mas não devemos confundir com destino feito? cartas marcadas?, sendo que o que ocorre é que algumas pessoas precisam se esforçar mais do que outras para atingirem certos objetivos focados.
Tenhamos em mente que a escolha que fazemos é que faz a nós mesmos, sendo assim, estarmos em comunhão com nosso talento maior e que mais nos satisfaz, é de relevante importância para um vida de satisfação e desenvolvimento não somente profissional, mas integral do ser.
Recebemos realmente influências do meio em que pertencemos, mas cuidemos para que estas mesmas influências não abafem nossos verdadeiros talentos através do que este meio quer que sejamos, sendo que este querer diz respeito à falta do meio, e não necessariamente de nosso desejo, sendo assim, mesmo que, o que acolhemos como nosso talento, não for ao encontro do meio social e que venha a promover um ato de castração em alguns aspectos, bem como isolamento momentâneo, devemos vir a sermos fieis ao nosso talento maior, que é o que sentimos ser nosso de fato.
O que podemos considerar como destino é o que diz respeito ao que o meio nos influencia, ao que nos permitimos, conscientemente ou não, nos influenciar e pelo conhecimento maior que temos de nós mesmos para visualizarmos mais claramente o que devemos acolher como nosso. Na imagem ilustrativa temos o símbolo no idioma japonês, escrito em Kanji, o qual lemos "un" e significa Destino.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Time do mais e time do menos

Autora: Débora Oliveira
Todos os dias acordamos, vamos para o trabalho depois para faculdade e só assim voltamos para casa. Quanta coisa acontece desde quando levantamos até hora em que vamos dormir? Quantas pessoas temos contato em nosso dia-a-dia? Quantas dessas pessoas amamos, damos atenção, fazemos rir ou simplesmente cumprimentamos? Como deixar nosso dia mais leve?
Admiro nosso carteiro, o “PC” – Paulo César, todos os dias ele entra em nossa sala e dá “bom dia garotas, tudo bem?” Nossa! Sempre de bom humor e aparentemente feliz, como ele consegue? Eu, que trabalho no RH, admiro pessoas como ele, que todos os dias pegam sua bicicleta, entregam cerca de 300 cartas, andam na chuva e no sol, e nunca estão desanimados ou reclamando. Isso sim é um exemplo de quem sabe levar a vida, porque problemas ele deve ter e mesmo assim nunca o vi descontar em ninguém.
Sempre ouço, se a empresa desse isso, se fizesse aquilo, lá em casa, se minha mãe não fosse tão chata, se meu pai não fosse rabugento, se o vizinho não existisse e se o cachorro não latisse, minha vida seria diferente. Todos nós jogamos a culpa de alguma coisa que deu errado para outra pessoa ou acontecimento, mas o que eu tenho a dizer é que nós podemos fazer nossas
escolhas, escolher sempre reclamar ou tomar uma atitude e mudar o rumo de nossa vida.
Todos nós somos hoje as escolhas que foram feitas no passado (pense, você escolheu bem ou mal?). Por que não surpreender quem amamos? Por que não parar de pegar no pé de quem nos cercam? Por que não começar ver a vida de uma forma diferente?
Posso ver o copo meio cheio ou meio vazio, vai depender do meu ponto de vista. Se o seu colega vê meio vazio e você meio cheio, não desanime, talvez ele esteja em um mau momento ou pode ser que ele não seja assim tão legal quanto você pensa e que faça parte do time do menos, os que só reclamam. Não adianta querer que ele veja a vida da mesma forma que você, por que cada um tem uma história, e essa história é que vai fazer com que vejamos o mundo de uma forma diferente.
Podemos escolher fazer parte do time do mais, as pessoas que vêem o copo meio cheio, bebem o refrigerante e podem encher o copo novamente ou fazer parte do time do menos, ver o copo meio vazio, reclamar que alguém já bebeu seu refrigerante, não bebê-lo e não esvaziar o copo para enchê-lo novamente. Lembre-se você tem o poder de escolha, ser meio triste ou meio feliz.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Fortaleza, a virtude que é o fenômeno da superação

Autor: José Ricardo Corrêa Maia

Superação é o ato de exceder limites. Isso requer muita determinação, dedicação, fé e esperança.
Ronaldo Nazário é um exemplo de superação, depois de 3 contusões conseguiu dar a volta por cima. Outro exemplo de superação é Thomas Edison, conforme o texto “Dar a volta por cima” de Donald Malschitzky, ele após ter o laboratório destruído, o reconstruiu, continuou trabalhando e conseguiu atingir sua meta.

De acordo com Apolinário Ternes família é o fundamento indispensável para a sociedade e provavelmente Ronaldo, Thomas Edison e tantos outros que conseguem se superar tem a semente da fé e esperança plantada pela mãe que conta com o apoio do pai para formar a índole.
No dia 15 de maio é comemorado o dia internacional da família. Momento para refletir sobre o que significa família. A família deve formar as pessoas e nisso está contemplado ensinar tudo o que é necessário para ultrapassar os limites, tais como virtudes e otimismo. Ela também deve apoiar com incentivos que estimulem a perseverança.

Continuando o tema superação, temos outro exemplo que é a equipe de basquete Raposas do Sul que se superam todos os dias ao treinar nas suas cadeiras de rodas e quando entram para uma disputa de campeonato já atingiram a meta graças à amizade e companheirismo. Quando se precisa renascer das cinzas feito Fênix, é que se reconhece o verdadeiro amigo que é aquele que está sempre presente compartilhando as dificuldades e também as conquistas.

No livro do Eclesiástico cita: “na dor, permanece firme e na humilhação tem paciência”. A falta de paciência pode por tudo a perder, fazendo não esperar o momento certo para certas atitudes.

Contudo, permanecer firme na dor é uma prova de fortaleza, virtude que assegura a firmeza nas dificuldades para não se fraquejar ante os obstáculos.

Se você está com dificuldades aprenda com estes exemplos e pratique paciência, esperança, fortaleza e entregue-se inteiramente. Este sacrificio o tornará um vencedor.


Publicado no Recanto da Letras

http://recantodasletras.uol.com.br/cronicas/1578286

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dar a volta por cima

Autor: Donald Malschitzky

“Há sempre um pouco de fantasia no otimismo, mas é uma fantasia criadora; há sempre um pouco de verdade no pessimismo, mas é uma verdade estéril” Autor desconhecido
“O que faço neste fim de mundo?”, perguntava-me num curso no Confim do Judas, nas montanhas da Guatemala. Frio a ponto de queimarmos enormes troncos no centro da cabana onde se desenvolviam as palestras para nos mantermos razoavelmente aquecidos. Seco a ponto de vários de nós ficarmos afônicos por dias seguidos. A resposta sobre o que fazia estava ali, ao meu lado e na minha frente: 30 pessoas de vários países, compartilhando suas experiências, sua cultura, sua forma de pensar e agir. Viver nesse caldeirão cultural durante duas semanas, por si só, já seria suficiente, mas havia muito mais: as palestras e os palestrantes vindos do Peru, da Costa Rica, Guatemala, Cuba, Estados Unidos e outros países que não recordo, resumiram em pouco tempo o que levaria meses ou anos para ter acesso.Guillermo, um divertido e falante guatemalteco, passou dois dias fazendo tudo quanto é tipo de abordagem sobre análise transacional, abrindo portas que sequer imaginávamos existir, mas o que marcou para sempre, foi o principal mote de um americano calmo e ponderado, cujo nome não recordo: “Não existem dificuldades, existem desafios.” Pode parecer retórica, mas é mudança de paradigma: do medo para a realização, da desculpa para a ação. A palavra “resiliência” não era tão conhecida na época, mas seu conceito, sim, o analisamos à exaustão. Ceder, se necessário, mas voltar à forma original depois, usar a força da queda para subir a próxima colina, encarar a dificuldade de frente, como desafio e como combustível para alcançar melhores resultados. Levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima, como diz a música de Paulo Vanzolini, talvez seja uma das melhores receitas de felicidade. Quem não se sacode, mergulha na própria tristeza e desgraça e cava cada vez mais para o fundo até não ver mais a luz. Conta-se que em 1914 o laboratório de Thomas Edison, avaliado em mais de 2 milhões de dólares, na época, pegou fogo e seu filho saiu desesperado para encontrar o pai. Encontrou-o olhando as chamas. O velho inventor virou-se para o filho e disse: “Existe um grande valor num desastre como este: todos nossos erros são queimados. Graças a Deus, agora podemos começar tudo de novo.” Três semanas depois, terminou de inventar o toca-discos, projeto no qual havia trabalhado infrutiferamente nos últimos três anos! Cada vez que ouvimos uma música, é Edison sacudindo a poeira, dando a volta por cima e pedindo que usemos o ritmo do que ouvimos para fazê-lo também.

Publicado no Jornal Notícias do Dia e Recanto das Letras

Para Laura quando vier

Autor: Donald Malschitzky
Você ainda está a caminho, mas já muitos a conhecem e torcem por você e contam cada tempo da espera até sua chegada em definitivo. Escolheram Laura para você. Laura significa “coroa de folhas de louro”, portanto você já nascerá vitória e rainha, e, embora eles nem notem, desde já, você governa a vida de seus pais.
Mas, Laura, o tempo é tão efêmero que já, já, quando nossos os olhos se abrirem após a primeira piscada, seu choro estará no meio de nós e umas piscadelas depois, já será adolescente, adulta e, pois é, não sei que eufemismo será usado no futuro, mas será velha.
Haverá um outro mundo para você, tão diferente deste em que hoje vivemos, que qualquer um de nós se sentiria absolutamente deslocado nele. Mas esse será seu mundo, e muito dele dependerá de como você usar sua coroa de louros. É, Pequena, já existe um monte de responsabilidades esperando por você!
Conselhos, conselhos, conselhos: será o que mais você ouvirá em sua vida, embora ninguém consiga, uma vez sequer, colocar-se em seu lugar. Então, não encare como conselhos o que lhe passo, mas como divagações, meras divagações.
Você viverá num mundo em que a tecnologia será igual ao ar que respirará, pois agora já é quase assim, mas, preste atenção: nada substituirá, nunca, o coração o humano, nada será mais forte do que o amor, não importa o que lhe digam. O conhecimento é, cada vez mais, algo acessível a todos, e as descobertas no campo da ciência se sucedem numa rapidez espantosa, mas por trás de tudo isso há algo imprescindível: a sabedoria. Portanto, não importa o que você faça, procure sempre ser sábia. Sinceramente, isso não lhe garantirá sucesso profissional, pois sempre haverá gente a preferir que as pessoas sejam peças descartáveis e não seres pensantes, mas fará de você uma pessoa agradecida por viver.
Pena, mas você não receberá um mundo bom, pois nós e todos os que vieram antes de nós só soubemos estragar tudo. Respeite-o, por favor, e – faça-o por nós – resgate o que for preciso para que a Mãe Terra possa ser mãe novamente.
Por falar em resgate, se puder dar uma mãozinha para que as pessoas voltem a se respeitar, que valores voltem a ter valor, que todo trabalho seja digno e que as pessoas se doem mais e se vendam menos, certamente seu caminho pela Terra terá valido a pena.
Bem-vinda, quando vier, Laura e que suas pegadas sejam belas.

Publicado no Jornal Notícias do Dia e Recanto das Letras

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A fábula do fazendeiro, do burro e do cavalo de corrida

Autor: Donald Malschitzky

Levantava cedo e cedo trabalhava, nunca o sol o surpreendera dormindo ou ainda se espreguiçando; quando arriscava esticar seu olhar por sobre os montes, já lá estava o humilde colono em sua lida, ordenhando as vacas, soltando-as no pasto, alimentando a criação e, mal as primeiras luzes começavam a se refletir no riacho que passava em frente à casa, a roça recebia o pisar decidido de seus pés, calçados com toscos tamancos. Ainda em casa, a mulher tratava de deixar tudo limpo e organizado e, almoço encaminhado, ia ao encontro do marido, companheira exemplar que era.
A terra era boa e reconhecia o esforço do casal: os animais não adoeciam e sempre havia excedente de leite, ovos e carne, que, juntamente com os produtos da roça pequena, mas bem cuidada, permitiu-lhes poupar e, assim, agregar mais terras à sua propriedade.
Quando a filha nasceu, já a vida não era tão dura. Devido ao crescimento da propriedade, contavam já com alguns empregados, o que lhes permitia alguns luxos nunca antes pensados, como ficar em casa por mais tempo, mesmo que fosse apenas para mirar a pequena com olhos de amor derramado.
Cresceram juntas, a menina e a terra, e, quando ela passou a ser chamada de moça, o colono já recebia tratamento de fazendeiro, e bem sucedido.Amoroso, resolveu surpreender a filha, presenteando-a com uma charrete e, para o presente ficar completo, saiu a procurar o melhor cavalo da região. Encontrou-o logo; impressionado com seu porte e beleza, gastou algumas vezes mais o que pretendia, mas levou o animal.
Na fazenda, ele, o capataz, mais aquele grupo de bajuladores que sempre aparece nessas ocasiões, trataram logo de encilhá-lo e deixar tudo pronto para que puxasse a charrete com o garbo que aparentava. Nunca antes se viu tamanha confusão. Nem depois. Foi charrete tombando para um lado, a turma dos puxa-sacos se esparramando com uma rapidez invejável, arreios e toda parafernália espalhada como um rastro atrás da poeira deixada pelo cavalo em disparada.No pasto, um burro, já bastante velho, olhava a tudo com interesse e certo sarcasmo.
“Até um burro sabe que cavalo de corrida não puxa carroça”, pensou, e continuou a comer.
Moral da história: às vezes, para não fazer burrada, é melhor perguntar ao burro primeiro.
Publicado no Jornal Notícias do Dia e no Recanto das letras.