quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

UTI

Meu irmão Juarez foi operado do coração e, assim, foi inevitável vivenciar os sofrimentos dos internos de uma UTI e também nos apartamentos e enfermarias dos mortais. Meus sentimentos mais tristes vêm do sofrimento de muitas pessoas que presenciei na UTI, o que desperta muitos questionamentos sobre o milagre da vida.
Ainda reflito sobre a separação dos doentes dos familiares, o que pode lhes causar uma baixa auto-estima, decorrente de uma situação completamente dependente.
Quando via nesta UTI a possível despersonalização do paciente, devido à utilização de máquinas, percebia que o “toque” do médico e da enfermeira é mágico, pois faz brilhar os olhos do doente.
Pude sentir a atenção sincera de um médico que fazia-nos entender que há cura emocional do paciente pela humanização do atendimento de todos os profissionais da enfermagem. Vida ou morte é a realidade numa UTI.
Ao perceber a reação de pessoas com muita dor, dentro e fora da UTI, comecei a pensar: por que há pessoas egoístas que pensam que são as únicas no mundo? Por que nunca paramos para valorizar o que temos? Os humanos nunca refletem sobre isso?
Nas madrugadas e dias em que meu irmão sentia essa dor do pós-operatório, conheci um homem que está enfrentando a dor com dignidade, sem querer despertar pena. Está dando lições de resignação e coragem, por isso sua cura está a caminho.
Em hospitais como o de Caridade, em Florianópolis, há profissionais que conhecem o significado do respeito ao ser humano, daí vem a coragem de muitos pacientes em qualquer estágio da doença.
Sem saúde, perde-se o sabor dos prazeres, a inteligência não funciona e não há forças para lutar. William Hazlitt, em suas obras, foi muito feliz ao afirmar que a menor dor em nosso dedo causa-nos mais preocupações que a destruição de milhões de nossos semelhantes.
As doenças e até a saúde podem mostrar que não há nada de nobre no ser humano em ser superior ao próximo, ao contrário, alguém verdadeiramente nobre consiste em ser superior ao que era antes. Você já deve ter encontrado pessoas que se acham acima do bem ou do mal, que dão sempre conselhos, julgam e se sentem superiores a tudo? Será assim até caírem doentes.
Veterinário
DORVALINO FURTADO FILHO

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Alice no país do SUSto

Autor: José Ricardo Corrêa Maia
Quando alguém com transtorno mental, tais como transtorno bipolar ou esquizofrenia, é acometido por uma crise psicótica faz com que ele e sua família iniciem uma aventura num mundo totalmente desconhecido, assim como Alice no país das maravilhas.

Então, pode-se dizer que paciente e sua família representam a Alice que ao cair na toca do coelho sofre um enorme susto, que se transforma em pânico e desespero quando esta crise vem acompanhada de violência verbal e física.
Nesta metáfora, o coelho branco com sua constante pressa representa o tempo. Tempo este escasso para a família, em virtude da necessidade de apoio mais ágil nestas emergências.

Entretanto, Alice encontra pelo caminho o Gato com muitas palavras, mas pouca ação para ajudar, que é o SUS e a Lei 10.216 que se refere ao tratamento destes pacientes. Esta lei tenta humanizar o tratamento, mas até que ponto é factível? Acaba se tornando mais uma lei apenas no papel porque muitas cidades brasileiras ainda não possuem a estrutura exigida por ela.

Nesta jornada, consegue-se após muita "luta" a internação num hospital, mas em questão de horas a crise é temporariamente controlada e o paciente recebe alta, sendo liberado. Ocorre que algumas vezes em função do estigma social, ele se nega a aceitar que sofre algum transtorno. Isso acaba sendo um risco para a família e a sociedade, por não aceitar a medicação, por exemplo. Vale salientar que este mundo é completamente fora do normal e que estas pessoas têm visões e ouvem vozes que podem fazer a crise retornar mais rápido que o normal. É como se fosse o Chapeleiro e a Lebre a confundir a Alice.

Quando a família tem o mínimo de condições financeiras, pode contar com tratamento e apoio do corpo clínico de hospitais particulares, o que faz lembrar o Rei de Copas, sempre protegendo a pequena e assustada Alice. Mas, até quando se consegue manter o paciente num estabelecimento particular? E quem não tem condições financeiras?

Na verdade, Alice vive a apreensão e a preocupação ao conviver com a Rainha de Copas, que a qualquer momento pode cortar cabeças, isto é, pode surgir uma nova crise, ainda mais violenta. O que é muito sofrimento e muita perplexidade ter que passar por esta situação por mais de uma vez.

Na história de Lewis Carroll, a Alice consegue escapar da Rainha de Copas e deste mundo, voltando a viver na normalidade em sua casa. Infelizmente, na vida real alguns destes pacientes por causa do rótulo, preconceito e da dificuldade de sociabilização por parte de ambos (paciente e sociedade), não conseguem ter o mesmo final feliz.
Nos casos mais leves ou nos quais há aceitação do problema por parte do paciente, pode-se fugir deste mundo desde que se tenha o suporte previsto, que é chamado de atendimento psicosocial.

A poção mágica que pode salvar a Alice, tanto o paciente quanto a família, é o conjunto de: informação, compreensão, tolerância, respeito e um suporte devidamente estruturado por parte do Estado.

Esta discriminação da sociedade deve acabar e a vergonha da família também.

Há esperança que um dia os governantes, sem precisar passar por estes momentos trágicos, despertem e saiam do país das maravilhas em que vivem e estruturem o país do SUSto no qual Alice está vivendo hoje. Lembrando que estes governantes são eleitos e não impostos e desta forma o cidadão e eleitor pode mudar o final da história.

Publicado em Recanto das Letras.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O Circo da Vida

O circo é um espetáculo de entretenimento e diversão que exerce fascínio aos seus expectadores. Isso ocorre há séculos e deve continuar por muito tempo.

Os profissionais do picadeiro na busca da perfeição de suas apresentações se empenham ao máximo realizando inúmeras baterias de ensaio. É uma jornada exaustiva que requer muita dedicação para alcançar seu ideal. Há que se valorizar este exemplo, uma vez que dedicação é necessária para qualquer um, seja na vida pessoal quanto profissional.

Além disso, o artista para surpreender a platéia deve inovar com criatividade. Outro exemplo para as nossas vidas, já que empresas procuram profissionais inovadores. Todavia, inovar na família pode melhorar o relacionamento ao sair da mesmice.

Portanto pode-se afirmar que a vida é um circo.

E no circo da vida devemos apresentar vários números.

Deve-se fazer mágica no orçamento doméstico e para apresentar ideias e projetos. A magia é puro ilusionismo, ato que representa a concentração, comunicação e persuasão.

As feras devem ser domadas e para isso é requerida muita coragem para enfrentá-las e determinação para treiná-las. Essas são virtudes necessárias para vencer obstáculos e dificuldades, inclusive enfermidades.

Também são realizados malabarismos e neste caso não se pode deixar cair nada, ou seja, a amizade e solidariedade devem ser exercidas para apoiar aos outros, evitando o desanimo.

O show continua ao se adotar confiança, parceria e harmonia necessárias numa apresentação de trapézio.

Outro número neste espetáculo é o equilibrismo, no qual o equilibrista não pode cair. Neste caso, auto-confiança, força de vontade e prudência são praticados.

Finalmente, deve-se ter descontração e alegria que são representadas pelo palhaço.

Todavia, falhas podem ocorrer e neste caso deve-se levantar a cabeça e continuar porque o espetáculo não pode parar.

Ao apagar as luzes pode-se concluir que a vida não passa de um enorme circo.

José Ricardo Corrêa Maia


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Vida em Comunidade

Os homens atualmente têm dado demonstrações de não saber viver em comunidade.

Lembrando que comunidade é congregação, sociedade, parceria.

Já os animais vivem muito bem em comunidade, têm-se como exemplos, as abelhas, as formigas e as aves migratórias que revezam o líder para não cansar apenas uma ave.

Está na hora do ser humano, chamado animal racional despertar e enxergar que os animais respeitam muito mais a vida em comunidade.

Hoje se briga por espaço na garagem, por causa de animais domésticos, por causa de barulho, etc.

Os animais seguem suas regras e conseguem conviver. Já os homens estabelecem suas regras (regimentos dos condomínios, estatutos das associações de moradores, lei orgânica do município, constituição estadual e federal entre outras leis), mas não possuem capacidade de respeitá-las e segui-las.

Na década passada percebia-se que esta era uma atitude de poucos. Hoje em dia, infelizmente e vergonhosamente, constata-se que alguns gatos pingados estão dispostos a seguir “deveres”, respeitar os “direitos” e resolver conflitos de forma civilizada.

Qual o resultado deste tipo de ação?

O resultado é a desordem generalizada, vandalismo gratuito e muito desrespeito.

O pior é que os adultos que fazem estas barbaridades servem de exemplo para as crianças que estão crescendo e vivenciando atos equivocados acreditando que tudo isso é natural.

Enquanto isso, no cinema, filmes apresentam a preocupação da raça humana em não ser dominada por seres tidos como superiores (robôs ou alienígenas). Entretanto, na vida real, ao não saber ter uma vida em comunidade, a grande preocupação deveria ser o próprio homem.

Não se discute que há uma evolução tecnológica, mas na inteligência emocional, mais precisamente na área comportamental do relacionamento interpessoal pode-se dizer que há evidencias suficientes para concluir que o ser humano está regredindo.

São conflitos nas empresas, discórdias em condomínios, guerra entre povos que demonstram tal regressão.

Porém há esperança que aqueles que sabem viver em sociedade repassem para seus filhos o significado da vida em comunidade e que um dia eles acordem e sejam a maioria, trazendo ordem a esta situação caótica.

José Ricardo Corrêa Maia

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Virtuoso Legado

As virtudes fé, caridade, esperança,
Fortaleza, prudência, justiça e temperança.
Foram repassadas para se ter uma vida melhor
Para seus filhos, netos, bisnetos e todos a seu redor.

Algumas são originais de seu próprio comportamento
Outras do aprendizado de sua vida, inclusive de seu casamento.
Este é um exemplar e virtuoso legado,
Ter o bem sempre que possível praticado.
Transmitia essas virtudes com amor e união.
Dona Celina, muito obrigado por esta lição.


José Ricardo Correa Maia