segunda-feira, 11 de maio de 2009

Segurança e justiça

Autor: Roberto Szabunia

Tem toda razão a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ao atrelar a segurança à justiça na Campanha da Fraternidade deste ano. A falta de justiça é exatamente uma das causas principais do aumento da violência. A quase certeza da impunidade injeta uma dose extra de valentia nos criminosos. Ao mesmo tempo, priva-os de qualquer sentimento de fraternidade. É só conferir, no noticiário, como os assaltantes de residências têm sido inclementes com suas vítimas.

A campanha da CNBB também coloca a educação como um dos pilares centrais na construção da segurança. Concordo de novo. Mas acho que essa educação precisa ser mais rígida, principalmente em casa, com os filhos. Nada de cabresto, somente rédeas na pressão e no comprimento mais adequados, mantendo a direção certa. Claro que isso não vai funcionar numa família já estilhaçada, e aí é a vez de o poder público entrar em ação. Como? Utilizando a força da lei para retirar do ambiente podre um jovem que pode ser transformado num cidadão.

Há um outro lado da questão aqui: nem todo criminoso é fruto das desigualdades sociais ou da falta de oportunidades. Tem muito malandro que não faz a menor questão de ser cidadão ou útil à sociedade. E a maior parte dos criminosos renitentes não dá a mínima para a possibilidade de morrer. Eles não têm nada a perder. Se forem presos, utilizam a prisão como pós-graduação para a arte do crime. E a Justiça, infelizmente, tem meandros e filigranas que suavizam a penitência – quando ela é aplicada.

De qualquer forma, toda forma de debate é salutar. A CNBB tem sido uma referência mundial neste campo, com sua Campanha da Fraternidade. Todos os anos, a Igreja Católica brasileira coloca algum tema relevante em discussão, levantando lebres e acendendo luzes.

Acho até que essa campanha poderia ser ecumênica. Afinal, luteranos, pentecostais, judeus e muçulmanos também buscam, pela religião, a paz e a justiça. Quem sabe, um dia, a Campanha da Fraternidade possa ser mundial. Assim como a economia, também a segurança deve ser um tema globalizado.
Publicado no Jornal Notícias do Dia

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