sexta-feira, 8 de maio de 2009

Talento estigmatizado

Autor: Carlos Alberto Hang
Quantas vezes passamos uma existência inteira sendo sustentada por um telento que não é nosso em sua plenitude, mas incorporado por nós, principalmente pelo querer do outro, o qual estigmatizou nosso talento. O verdadeiro talento é sentido com naturalizade, é achado e não buscado, não é questionado por nós mesmos, mas pelo contrário, é reafirmado cotidianamente pelo interesse e busca por nós de tudo que o envolve.
Mas ai daqueles que tiveram seus talentos estigmatizados e passam seus dias alicerçados num segmento que não lhe pertence de fato, o qual, se não causar desconforto maior, causa insatisfação interna e busca de compensações noutros segmentos. O outro marca em nós qual o talento devemos assumir como nosso, ainda mais quando em sua fala sinaliza constantemente, não somente para nós, mas ainda mais para o público, o quanto somos bons nisso ou naquilo, e acabamos aceitando o discurso do outro, e feito um mergulho num rio de águas escuras, ao nos jogarmos, às vezes encontramos pedras no fundo do rio que provocam danos sem conta.
Os pais, principalmente, devem entusiasmar seus filhos e proporcionar meios de desenvolvimento em diversas áres de atuação, mas tomarem cuidado devem, na mesma proporção, de não colocar os seus desejos na própria prole, feito um prolongamento de si mesmos, como se o outro fosse aquele que viria a realizar os desejos deles mesmos, muitas vezes por não terem sido assumidos por eles ou tido oportunidade para tal outrora. É bem entendido que um pai médico, por exemplo, venha a despertar interesse primeiro, em seus filhos, por medicina, pois estes comungam com a rotina e informações que envolvem esta categoria profissional.
Mas o cuidado dos pais é dar apenas o exemplo de atuação profissional, não impor um estilo de vida aos filhos. É melhor ser um excelente e satisfeito profissional doutra área do que um médico frustrado. Quantos seminaristas estão frequentando seminários em preparação à profissão sacerdotal por não terem visão mais ampla do leque de profissões existentes e por serem induzidos por um estilo de vida restrito de informações maiores a respeito do que o mundo oferece de oportunidades outras, e de um ambiente familiar que está alicerçado neste contexto, do que por vocação verdadeira?
E o que dizer das profissões da moda e que proporcionam "status" social, sendo estas acolhidas em detrimento doutras que fariam jus maior com o conteúdo interno do profissional?
Se desde criança a mãe diz para a filha, bem como aos familiares, que esta sua filha tem tudo para ser modelo e artista, sendo esta uma visão particular da mãe e/ou desejo de realização dela mesma diante do que a filha possa vir a realizar.
Mas a criança, estigmatizada pela mãe deste exemplo, acaba acatando de bom grado este talento, até mesmo para não frustrar a mãe, sendo que este talento nem sempre é seu de fato, tornando-se provavelmente uma pessoa frustrada num futuro próximo. Talento inato não existe, o que temos é uma disponibilidade genética e neurológica maior para certos segmentos, os quais terão que ser alimentados pelas ações para que se despertem e se aprimorem, mas não devemos confundir com destino feito? cartas marcadas?, sendo que o que ocorre é que algumas pessoas precisam se esforçar mais do que outras para atingirem certos objetivos focados.
Tenhamos em mente que a escolha que fazemos é que faz a nós mesmos, sendo assim, estarmos em comunhão com nosso talento maior e que mais nos satisfaz, é de relevante importância para um vida de satisfação e desenvolvimento não somente profissional, mas integral do ser.
Recebemos realmente influências do meio em que pertencemos, mas cuidemos para que estas mesmas influências não abafem nossos verdadeiros talentos através do que este meio quer que sejamos, sendo que este querer diz respeito à falta do meio, e não necessariamente de nosso desejo, sendo assim, mesmo que, o que acolhemos como nosso talento, não for ao encontro do meio social e que venha a promover um ato de castração em alguns aspectos, bem como isolamento momentâneo, devemos vir a sermos fieis ao nosso talento maior, que é o que sentimos ser nosso de fato.
O que podemos considerar como destino é o que diz respeito ao que o meio nos influencia, ao que nos permitimos, conscientemente ou não, nos influenciar e pelo conhecimento maior que temos de nós mesmos para visualizarmos mais claramente o que devemos acolher como nosso. Na imagem ilustrativa temos o símbolo no idioma japonês, escrito em Kanji, o qual lemos "un" e significa Destino.

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