sábado, 28 de março de 2009

Ser contente

Autora: Inajara Freitas Villar Paiva

Ser uma pessoa contente difere de estar contente. Significa saber lidar com situações adversas, difíceis e desconfortáveis sem cair profundamente, sem se abater a ponto de não conseguir transpor o obstáculo, vir a sucumbir e desanimar diante das aflições oferecidas pela vida.

Ser contente é saber aprender a ficar em paz, é aproveitar o fato e o sentimento estressantes para crescer, é atingir o estado de serenidade, discernindo ao de coragem, resultando em ato de sabedoria. Parece impossível muitas vezes e realmente raro na história da humanidade.
E como exemplo de ser contente, cito a figura ímpar e apaixonante de Jesus Cristo.
Sim, o mestre da vida cursou a mais excelente universidade, a escola da existência, a escola da vida. A escola que ensina verdadeiramente a prática do amor. Foi honrado como ninguém e humilhado como poucos. Sua inteligência ultrapassava o limite dos pensadores.
Era sólido emocionalmente, mas sabia chorar e confessar a sua angústia. Quando abandonado, não reclamava, não se lamuriava, pois sabia fazer da solidão um exercício para a reflexão. Ele viveu a glória dos reis e o anonimato dos miseráveis.
Somente uma pessoa tão agradável e altruísta poderia se lembrar daqueles que não tiveram piedade de si mesmo. Tinha uma habilidade incomum de pensar nos outros e não em si mesmo. Jesus Cristo era sociável, alegre, tinha inúmeros amigos, abraçava as crianças, muitas vezes se convidava para jantar em casa de pessoas que nem conhecia, não dependia de aprovações, pois sua paz e seu carisma sempre venciam, sempre transmitia união e não exclusão.
Sendo ainda um exímio observador da natureza e excelente contador de histórias, sempre com foco edificante e produtivo, exalando tranqüilidade, fazendo poesia no caos.
Um ser verdadeiramente contente. Enfim, quem sabe diante de um exemplo desse, mesmo que sublime ao extremo, haja mobilização para o fato de aprender, no mínimo, a ficarmos mais contentes, menos descontentes, menos escravos das circunstâncias, menos movidos pelos problemas, repensando profundamente como temos agido nos pilares de nossa existência.
Publicado no Jornal A Notícia.

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