quarta-feira, 11 de março de 2009

Talento em questionamento



Um pergunta deveras usual que as pessoas em geral se fazem, é o de se elas têm talento e, consequentemente, qual o é. Mas quando o descobrem, creem que estão com a vida ganha e que basta então seguirem seu “destino”, sendo este um mero engano.




Ter talento é de longe a pedra angular do sucesso, pois algum talento todas as pessoas possuem e até algumas chegam a descobrir qual o é. Mas então, reconhecendo seu talento, qual o motivo de não obterem reconhecimento maior, prosperidade e satisfação com ele? E não falo aqui apenas do caráter financeiro, mas quem sabe até o mais difícil de todos, que é o que vem através do reconhecimento dos demais, pois sendo um ser social, que satisfação o ser humano teria, mesmo que sentado sobre ouro esplêndido, se não vier a ter o reconhecimento do outro, sendo que este o tem pelo saldo positivo que sobre ele o talento daquele opera, pois é pelo impacto que o talento de um indivíduo promove numa pessoa e/ou sociedade, que será proporcionalmente admirado e aplaudido.




Os indivíduos têm todos o mesmo valor, enquanto seres humanos que são, mas não os mesmos talentos, e está aqui, nesta afirmação, a beleza do viver e conviver social e a engrenagem necessária ao equilíbrio da construção e desenvolvimento de uma sociedade, principalmente no caso da polis.




Um dos maiores e primeiros desafios a serem superados, para que o talento de uma pessoa se ecoe livremente, é o da falta de crença em si mesmo, isto é, no seu potencial singular, responsável por promover o afloramento de seu talento, sendo este um obstáculo concreto ao sucesso. Quando as pessoas impõem limites e não depositam confiança em si mesmas, o talento fica condenado a ser apenas um vocábulo inerte, funcionando este limite imposto como uma barreira concreta ao desenvolvimento das potencialidades do indivíduo.




Outro problema é que, na maioria das vezes, damos maior atenção aos limites físicos e financeiros que temos no presente, do que aos de caráter emocionais e psicológicos que estão a nos impedir de “ter olhos de ver e ouvidos de ouvir” o real, parafraseando termos bíblicos, fazendo com que não busquemos ajustes emocionais, o que vem a nos impedir de agir de acordo com nossos objetivos. E estes mesmos têm ocasionado a desistência de muitos planos que se projetaram e iniciaram, sendo assim, não permite que sejam apreciados os frutos de uma meta finalizada, gerando descrença em si mesmo e desgaste emocional, tendo o indivíduo que elaborar a frustração que lhe causa um projeto inacabado. William James afirmou que “nada é tão cansativo quanto a sombra de uma tarefa não terminada”.




Muitas das vezes, as pessoas que têm dificuldade em terminar seus projetos iniciados, são as mesmas que, enquanto infantas, iniciavam vários cursos, mas desistiam dos mesmos, e o pais aceitavam esta ação facilmente, como se dissessem à sua prole que ela pode, na vida, fazer o que quer, quando quer, e desistir quando bem entender, sem assumir responsabilidades pela opção acolhida primeiramente e, sendo assim tão fácil, não buscar realmente saber de seus reais desejos e aspirações antes de decidir por eles, pois aprenderam que podem desistir quando bem quiserem, não levando a sério compromissos assumidos diante de si mesmos e da sociedade.




Outro exemplo do que pode ocorrer é o de que casam com tamanha facilidade quanto descasam, pois nelas não têm inserido compromisso, assim como fazem com os demais projetos de vida.




Descobrirmos o talento que temos não é uma tarefa tão difícil quanto a de promovermos o despertar deste mesmo talento. Sabermos quais são nossos talentos, identificarmos com eles, crermos em nosso próprio potencial, suplantarmos desafios emocionais e psicológicos, além dos financeiros, finalizarmos nossos projetos e termos metas que venham a operar no desenvolvimento de toda uma sociedade, são alguns ítens a serem observados para a obtenção de sucesso real e merecimento de uma grande salva de palmas no final.




Na imagem ilustrativa temos o símbolo no idioma japonês, escrito em Kanji, o qual lemos “yakusoku” e significa Compromisso.




Carlos Alberto Hang




Publicado no Jornal Ponto a Ponto

Nenhum comentário:

Postar um comentário