sexta-feira, 31 de julho de 2009

Tempo é dinheiro

Autor: Donald Malschitzky
É simplesmente incrível como determinados conceitos e, principalmente, ditados, se firmam. “Devagar se vai ao longe” ou não chega nunca. “Quem tem boca vai a Roma” ou se perde no caminho graças às informações erradas. “Quem tudo quer, tudo perde”, mas quem nada quer, ganha o quê? “Quem cedo madruga, Deus ajuda” ou fica com mais sono. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” ou seca a fonte. “Quem vê cara, não vê coração” ou vê mais ainda. “Os últimos serão os primeiros”... a ficar por último!
Os adoradores do trabalho sem prazer, há uns 400 anos, mais ou menos (bobagens também se eternizam), inventaram: “Tempo é dinheiro.” E o mundo, por séculos, igual aos ratos de Hamelin, segue o feitiço da música que sai da flauta dos insensatos. Tempo é dinheiro para quem compra tempo e para quem vende tempo. Ou: qual o critério para estabelecer que a hora de um atleta famoso valha tanto e a do outro atleta, que diariamente corre atrás do caminhão de lixo para fazer seu trabalho, valha tão pouco? São tempos diferentes? Ah!, mas o de um vale mais do que o do outro, dirá o leitor mais desavisado. Por que vale? Pela valorização dos resultados apresentados, sim, mas não pelo tempo despendido. Aliás, a remuneração de muitos atletas é inversamente proporcional ao tempo gasto; quanto menos tempo, melhor o resultado e maior a remuneração.
Esse conceito tem origem na escravidão, pois as pessoas e tudo nelas, inclusive o tempo, pertenciam a outras pessoas. Uns eram donos da vida dos outros, mas levar isso a sério ainda hoje em dia, que falta de critério! Que falta de humanidade. Mas muita gente ainda pensa assim. E age assim. E ensina assim. E vive assim. E “decora” seus estabelecimentos com o ditado.
O empregador que compra o tempo do empregado está fazendo um péssimo negócio; o empregado que vende seu tempo é um enganador. A capacidade, a vontade de fazer, o prazer em alcançar resultados, o ser feliz em produzir é que determinam a missão num trabalho. E a felicidade nele.
Tempo é vida, não dinheiro, e a vida não tem preço.

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